Otan aprova primeiro plano de defesa desde a Guerra Fria com foco nas fronteiras com a Rússia

Pela primeira vez desde o colapso da União Soviética, a Otan aprovou planos detalhados destinados a garantir a defesa militar coletiva da aliança contra um grande ataque de uma potência como a Rússia

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Por Redação

Os países da Otan aprovaram um detalhado plano de defesa para garantir a segurança da aliança militar no encontro anual de líderes da Otan, que está ocorrendo em Vilna, capital da Lituânia.

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A principal tarefa da Otan é proteger os 31 membros da aliança militar. Em breve a aliança terá 32 membros, quando a Suécia ingressar formalmente. Pela primeira vez desde o colapso da União Soviética, a Otan aprovou planos detalhados destinados a garantir a defesa militar coletiva da aliança contra um grande ataque de uma potência como a Rússia, que subverteu os pressupostos estratégicos da Otan com a invasão da Ucrânia.

Os planos foram elaborados pelo general Christopher Cavoli. Ele também o comandante das tropas americanas na Europa.

Os planos cobrem as três principais áreas de responsabilidade da Otan: uma para o território mais ao norte da aliança, incluindo o Ártico; um para a região central, incluindo o Báltico e o flanco oriental mais próximo da Rússia; e um para o sudeste, incluindo o Mediterrâneo e o Mar Negro.

Chefes de Estado e de governo de países da Otan posam para foto junto com o secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, na cúpula anual da Otan, que está ocorrendo em Vilna, capital da Lituânia  Foto: Toms Kalnins/ EFE

Modernização

De acordo com o plano, cada país terá tarefas especificas e também será indicado com que aliado cada nação irá trabalhar e que tipo de equipamento utilizar. Os três planos regionais “explicam o que os países devem fazer dada a geografia dessas regiões para dissuadir e defender, em todos os domínios – espaço, cibernético, terrestre, marítimo, aéreo”, afirmou o almirante Rob Bauer, presidente do Comitê Militar da Otan.

Eles são projetados para defender tanto um oponente militar, como a Rússia, quanto o terrorismo, uma preocupação contínua de muitos aliados, incluindo a Turquia.

“Os planos são realmente o modelo para a modernização do sistema de defesa coletiva da Otan”, disse o general Cavoli em Vilna nesta terça-feira, 11, depois de anos da aliança se concentrando em conflitos fora da Europa, como no Afeganistão, enquanto esperava melhores relações com a Rússia.

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O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, conversa com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden  Foto: Mindaugas Kulbis / AP

Os planos, disse ele, “nos dão a capacidade de ter um requisito de estrutura de força para que as nações possam direcionar seus investimentos de uma forma que atenda à aliança, bem como às suas necessidades nacionais”.

O planejamento também espera ter as forças da Otan em estado de prontidão, de modo que até 300 mil soldados de países membros possam ser destacados em 30 dias, se necessário, com alguns disponíveis em três dias e outros em 10.

A Turquia já havia bloqueado a adoção dos planos porque se opunha aos nomes usados para certas áreas geográficas, incluindo os Dardenelos e o Estreito, mas sinalizou positivamente neste momento, tornando a aprovação possível.

A tarefa agora é que os Estados membros gastem tempo e dinheiro para colocar os planos em ação, disse o almirante Bauer, acrescentando: “Isso levará um número considerável de anos para chegar lá”.

França

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou que o país fornecerá mísseis de longo alcance para a Ucrania, com o intuito de contribuir para que Kiev melhore a sua defesa contra a Rússia. O anuncio foi feito após a chegada de Macron a cúpula da Otan.

Macron citou a contraofensiva ao anunciar a decisão, dizendo: “Decidi aumentar as entregas de armas e equipamentos e fornecer aos ucranianos capacidades de ataque de longo alcance”.

O presidente da França, Emmanuel Macron, se encontrou com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, durante a cúpula anual da Otan, em Vilna, capital da Lituânia  Foto: Ludovic Marin/ AFP

A França relutou em fornecer à Ucrânia capacidades de mísseis de longo alcance, temendo que, se as armas fossem usadas para atacar alvos dentro do território russo, o que poderia fazer com que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, escalasse ainda mais o conflito.

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Macron não disse se recebeu garantias das autoridades ucranianas de que os mísseis não seriam usados para atacar alvos na Rússia, mas afirmou que as entregas estariam de acordo com “a clareza e consistência de nossa posição - permitindo que a Ucrânia defenda seu território”./The NY Times

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