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Paquistão corta internet móvel e fecha fronteiras em dia de eleições legislativas

Disputa ocorre em um momento crítico para nação que é um imprevisível aliado ocidental e que faz fronteira com o Afeganistão, a China, a Índia e o Irã

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Por Redação

O Paquistão elege um novo parlamento nesta quinta-feira, 8, enquanto o aumento dos ataques terroristas e ondas de violência lançam sombra sobre a votação. Diante deste contexto, o país ordenou o corte temporário do serviço de telefonia móvel e fechou fronteiras do país, provocando reação imediata da população e de alguns oponentes.

“O recente aumento de atividades terroristas que ceifaram vidas preciosas agitou o ambiente de segurança no país. À luz da deterioração da segurança e para mitigar possíveis ameaças, surgiu a necessidade de tomar medidas. Portanto, foi decidido suspender temporariamente os serviços móveis em todo o país”, informou o governo paquistanês em comunicado.

Governo paquistanês disse em comunicado que corte de internet foi uma medida de segurança diante do 'aumento de atividades terroristas que ceifaram vidas preciosas' Foto: AP Photo/Pervez Masih

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Pouco depois do anúncio, o observatório independente de segurança cibernética NetBlocks confirmou a queda nos serviços de telefonia e também relatou “apagões ativos de internet em diversas regiões do Paquistão, além de interrupções na rede móvel”. “O incidente ocorre no dia das eleições e na esteira de meses de censura digital dirigida à oposição política”, afirmou o observatório na sua conta na rede social X.

A restrição da rede também significou um bloqueio do fluxo de informação sobre a situação dos centros de votação e limitações aos meios de comunicação para noticiarem em tempo real os incidentes eleitorais.

“Os eleitores não podem coordenar-se entre si, não podem acessar informações vitais da autoridade eleitoral, nem os candidatos podem coordenar-se com os agentes eleitorais”, criticou o ativista paquistanês Syed Ali Abbas Zaidi nas redes sociais.

Críticas, detenções e deserções

Bilawal Bhutto-Zardari, candidato e presidente do Partido Popular do Paquistão (PPP), exigiu o restabelecimento imediato dos serviços de comunicação. “Os serviços de telefonia móvel devem ser restabelecidos imediatamente em todo o país. Pedi ao meu partido que contatasse tanto a ECP (Comissão Eleitoral do Paquistão) como os tribunais para esse fim”, disse Bhutto-Zardari em uma mensagem no X.

As pesquisas apontam a vitória de Nawaz Sharif, de 74 anos e que retornou do exílio em outubro, que parece contar com o apoio do Exército, um personagem político central no país. Em caso de vitória, Sharif ocupará o cargo de primeiro-ministro pela quarta vez em sua carreira, como líder da Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N).

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O ex-primeiro-ministro e popular ex-jogador de críquete Imran Khan, de 71 anos, condenado a três longas penas de prisão, foi impedido de disputar as eleições, o que aumentou as suspeitas de parcialidade da Justiça. O partido de Khan, Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), sofreu com a detenção de vários integrantes e deserções forçadas.

Cerca de 44 partidos políticos concorrem a uma parte dos 266 assentos em disputa na Assembleia Nacional, ou na câmara baixa do parlamento.  Foto: AP Photo/Muhammad Sajjad

Fronteiras fechadas

As medidas de segurança envolveram também o fechamento das fronteiras com os vizinhos Irã e Afeganistão, territórios especialmente hostis devido à presença de grupos armados e terroristas. Na quarta, 7, as províncias do Baluchistão e Khyber Pakhtunkhwa, que fazem fronteira com os dois países, registraram vários ataques contra gabinetes de candidatos políticos, deixando pelo menos 26 mortos e 54 feridos. Os mais mortíferos dos ataques ocorreram no Baluchistão e foram reivindicados em um comunicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

As eleições ocorrem num momento crítico para a nação, que detém de armas nucleares e é um imprevisível aliado ocidental que faz fronteira com o Afeganistão, a China, a Índia e o Irã – uma região repleta de relações tensas.

Cerca de 44 partidos políticos concorrem a uma parte dos 266 assentos em disputa na Assembleia Nacional, ou na câmara baixa do parlamento. Outros 70 assentos estão reservados para mulheres e minorias na casa de 336 assentos.

Após as eleições, o novo parlamento escolherá o próximo primeiro-ministro do país. Separadamente, também terão lugar na quinta-feira eleições para as quatro assembleias provinciais do país./Associated Press e EFE.

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