HONG KONG - A polícia de Hong Kong disparou gás lacrimogêneo na noite de sábado (hora local), 3, contra manifestantes em um bairro popular da cidade, em meio a grandes protestos pró-democracia convocados apesar das advertências da China.
As autoridades tentaram dispersar a multidão concentrada em frente a uma delegacia de polícia no bairro de Tsim Sha Tsui, área comercial e turística do território semiautônomo. Antes, centenas de manifestantes mascarados haviam erguido barricadas improvisadas para bloquear várias ruas da área.
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Esta semana, Pequim e as autoridades locais elevaram o tom ao prender dezenas de pessoas, enquanto o Exército chinês anunciou que estava disposto a suprimir as manifestações, se necessário.
Mas os manifestantes permaneceram inflexíveis e prometeram novos protestos para este fim de semana e nos próximos dias.
Em Mongkok, um subúrbio densamente povoado que já era palco de confrontos entre policiais e manifestantes, milhares saíram às ruas cantando slogans e chamando os habitantes para se juntarem à greve na próxima segunda-feira.
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Segundo os organizadores, cerca de 120 mil manifestantes se reuniram nesse distrito, palco dos enfrentamentos dos protestos pró-democracia de 2014.
"Quanto mais o governo nos reprime, mais vamos sair, até que eles respondam às nossas exigências", Ah Kit, um manifestante de 36 anos, disse à France-Presse. Inúmeras lojas e centros comerciais fecharam as portas.
Paralelamente, uma manifestação pró-governo também aconteceu no sábado com milhares de participantes, muitos dos quais levantaram bandeiras chinesas.
No domingo, há outras duas marchas programadas, uma na ilha de Hong Kong e outra no setor de Tseung Kwan O. E na segunda-feira será convocada uma greve geral em toda a cidade, além de manifestações em sete localidades.
A ex-colônia britânica, que atravessa a pior crise desde seu retrocesso em 1997, realiza mobilizações em massa há oito semanas consecutivas, seguida, em muitos casos, por confrontos entre pequenos grupos radicais e as forças de segurança.
Aumento da repressão
A ex-colônia britânica, que enfrenta a pior crise desde a retrocessão em 1997, registra oito fins de semana consecutivos de grandes mobilizações, seguidas em muitos casos por confrontos entre pequenos grupos radicais e as forças de segurança.
A crise explodiu há dois meses, com a oposição a um projeto de lei em Hong Kong - atualmente suspenso - que permitiria extradições para a China. Mas o movimento se transformou em uma campanha de denúncia contra a redução das liberdades na megalópole e para exigir reformas democráticas.
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Em virtude do princípio "Um país, dois sistemas" pelo qual o Reino Unido cedeu Hong Kong a China, a cidade goza de liberdades desconhecidas no restante do país, ao menos até 2047. Mas cada vez mais os moradores de Hong Kong temem que Pequim viole o acordo.
Muitos mencionam a detenção na China de livreiros de Hong Kong, a perseguição de políticos famosos e a detenção de líderes do movimento pró-democracia.
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Nos protestos, as forças de segurança utilizam de forma recorrente balas de borracha e gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Os manifestantes respondem e jogam objetos contra os agentes.
As agressões a manifestantes no fim de julho por parte de supostos membros das chamadas tríades - grupos criminosos de origem chinesa que operam na China e em Hong Kong - deixaram 45 feridos e aumentaram ainda mais a tensão.
Na quinta-feira, as autoridades anunciaram a detenção de sete homens e uma mulher acusados de posse de explosivos.
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A Justiça de Hong Kong se transformou nesta semana em protagonista da crise depois que a polícia acusou formalmente 44 pessoas de revolta, crime que pode acarretar entre cinco e dez anos de prisão, embora todos menos um, que não se apresentou, tenham sido deixados em liberdade sob fiança até a próxima audiência, prevista para 25 de setembro.
As autoridades advertiram que os funcionários públicos, que protestaram na sexta-feira em uma iniciativa inédita para um setor conhecido por seu conservadorismo e discrição, correm o risco de demissão.
A chefe do Executivo, Carrie Lam, que suspendeu o polêmico projeto de lei, tem feito poucas aparições públicas. Os manifestantes exigem sua renúncia e uma investigação independente sobre a estratégia policial, assim como anistia para as pessoas detidas pelos protestos, a retirada total do projeto de lei e o direito de escolher seus dirigentes. / AFP e EFE