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Putin insinua que Ucrânia teria relação com ataque à casa de show em Moscou

Presidente da Rússia não respaldou a insinuação com provas, mas disse que quatro pessoas detidas estavam em fuga para cruzar a fronteira com a Ucrânia

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Por Redação

MOSCOU - O presidente russo, Vladimir Putin, disse neste sábado, 23, que foram tomadas novas medidas de segurança em todo o país e insinuou que a Ucrânia teria relação com o ataque a uma casa de show nas periferias de Moscou.

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O russo fez a primeira fala sobre a tragédia ocorrida em uma casa de espetáculos após a prisão de 11 pessoas, entre elas 4 acusadas de terem atirado contra a plateia lotada do local.

Ao decretar luto oficial e expressar condolências às famílias das vítimas, ele disse que os suspeitos foram detidos enquanto rumavam “na direção da Ucrânia”.

Homens armados de fuzis e com roupas camufladas invadiram o Crocus City Hall, uma casa de shows nos arredores de Moscou, e atiraram contra a multidão na sexta-feira, 22. A principal agência estatal de investigação da Rússia afirma que o número de mortos no ataque já soma 133.

Incêndio tomou conta de sala de concertos Crocus City Hall após um ataque terrorista em Krasnogorsk, nos arredores de Moscou, na Rússia  Foto: Vasili Prudnikov/ EFE/EPA

Segundo Putin, há “informações preliminares” de que pessoas esperavam os agressores para fazer a travessia na fronteira. “Nossos inimigos não vão nos dividir”, disse o presidente russo na TV estatal. Ele qualificou o ataque de “bárbaro, selvagem, sangrento”.

A versão apresentada pelo presidente reitera informações divulgadas anteriormente pelo Serviço Federal de Segurança russo (FSB), de que os terroristas “tinham contatos” na Ucrânia, para onde planejavam fugir. As autoridades anunciaram a detenção de 11 pessoas, incluindo quatro agressores diretamente envolvidos no ataque.

Vladimir Putin, presidente da Rússia, insinua que Ucrânia esteja envolvida em atentado Foto: EFE

Apesar da insinuação sobre a responsabilidade da Ucrânia, Putin não fez uma acusação direta ao governo de Volodimir Zelenski, dizendo que irá punir “quem quer” que esteja envolvido no atentado.

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Autoridades de Kiev condenaram a versão apresentada pelo FSB e negaram qualquer envolvimento do governo com o ato terrorista. O assessor presidencial Mikhailo Podoliak descreveu as afirmações russas como “absolutamente insustentáveis e absurdas”.

A Legião da Liberdade da Rússia, grupo de combatentes russos pró-Ucrânia também negou qualquer envolvimento. Antes, serviços de inteligência militar do país chegaram a acusar o próprio Kremlin de participação no ataque, como forma de justificar ações mais violentas na Ucrânia.

Durante o pronunciamento, Putin não fez menção ao grupo terrorista Estado Islâmico, que reivindicou publicamente o ataque. Em um novo comunicado neste sábado, o EI afirmou que quatro combatentes “armados com metralhadoras, uma pistola, facas e bombas incendiárias” participaram da ação, e indicou que o episódio de terror é parte da “guerra” travada pelo grupo contra países que lutam contra o Islã”.

Já o Estado Islâmico divulgou vídeo reafirmando a autoria pelo ataque, identificando os agressores e afirmando que o incidente faz parte da “guerra furiosa” entre o grupo e “os Estados que combatem o Islã”.

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Resposta da Ucrânia

O assessor presidencial ucraniano, Mikhaílo Podoliak, negou, neste sábado, a acusação da Rússia de que os supostos autores do ataque em Moscou, que deixou mais de 100 mortos, tivessem vínculo com a Ucrânia. Mais cedo, os serviços de segurança russos disseram que os autores do ataque, reinvidicado pelo grupo Estado Islâmico, planejavam cruzar a fronteira em direção a Ucrânia.

“As versões dos serviços especiais russos sobre a Ucrânia são absolutamente insustentáveis e absurdas”, escreveu Podoliak na rede social X, depois que os serviços de segurança russos (FSB) afirmaram que os suspeitos de cometer o ataque mortal na sexta-feira “tinham contatos” na ex-república soviética, para onde planejavam fugir.

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Os serviço de segurança russo (FSB) disseram no sábado que os suspeitos de realizar o ataque mortal de sexta-feira a uma sala de concertos de Moscovo “tinham contatos” na Ucrânia, para onde planeavam fugir. O atentado deixou ao menos 115 mortos, segundo último balanço das autoridades.

“Depois de cometerem o ataque terrorista, os criminosos planearam atravessar a fronteira entre a Rússia e a Ucrânia e tiveram contatos adequados do lado ucraniano”, disse o FSB, citado pela agência estatal TASS. As autoridades anunciaram a detenção de 11 pessoas, incluindo quatro agressores diretamente envolvidos no ataque, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico.

Nesta sexta-feira, o ex-presidente e vice-chefe do Conselho de Segurança, Dmitri Medvedev, elevou o tom, e prometeu encontrar e “destruir” os responsáveis pelo ataque, sugerindo que teriam sido obra da Ucrânia.

“Se for estabelecido que estes são terroristas do regime de Kiev, é impossível lidar de forma diferente com eles e com os seus inspiradores ideológicos. Todos eles devem ser encontrados e destruídos impiedosamente como terroristas. Incluindo funcionários do Estado que cometeram tal atrocidade”, disse, no Telegram.

Em entrevista coletiva, em Washington, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, afirmou que “não há nenhuma indicação neste momento de que a Ucrânia ou os ucranianos estejam envolvidos num ataque armado”.

“É óbvio que há pessoas em Moscou e na Rússia que não concordam com a forma como Putin comanda o país. Mas não creio que possamos estabelecer uma ligação entre o ataque ao centro comercial e o regime político neste momento”, disse Kirby. /AP e AFP

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