CARACAS - A Venezuela, país com as maiores reservas conhecidas de petróleo do mundo, realizará eleições municipais no domingo em meio a uma de suas piores crises.
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Um total de 19,7 milhões dos 30,6 milhões de venezuelanos estão habilitados para eleger por quatro anos os prefeitos de 335 municípios, dos quais o governo controla 242 e a oposição 76 - o resto está em poder de dissidentes de ambos os grupos, ou independentes.
Conheça abaixo os cinco principais desafios vividos pelo país:
o Crise política O tenente-coronel do Exército Hugo Chávez foi eleito presidente em dezembro de 1998 e polarizou o país ao lançar um sistema socialista cinco anos depois. Morreu de câncer em março de 2013 e seu herdeiro político, Nicolás Maduro, foi eleito um mês depois por seis anos.
Ao ter um ótimo resultado nas eleições parlamentares de 2015, a oposição rompeu uma hegemonia chavista de 18 anos e desatou um choque de poderes, mas depois sofreu sucessivos reveses como o bloqueio judicial de um referendo para revogar o mandato de Maduro.
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O Tribunal Supremo de Justila (TSJ) - acusado de servir ao governo - assumiu as funções legislativas, estopim dos protestos que deixaram 125 mortos entre abril e julho. Em meio a manifestações, Maduro conseguiu eleger uma Assembleia Constituinte sem a participação da oposição.
A Constituinte convocou eleições regionais - com 10 meses de atraso - e o governo venceu em 18 dos 23 Estados. Após denunciar um processo "fraudulento", os principais partidos opositores ficaram de fora das eleições municipais, mas outros decidiram participar, rachando a coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD).
Governo e oposição retomaram as negociações em 1º de dezembro, depois de várias tentativas frustradas desde 2014.
o Crise econômica A Venezuela tem reservas de petróleo de 300 bilhões de barris, a maior do mundo. Mas a produção caiu para 1,9 milhão por dia, contra os 3,2 milhões de 2008.
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A exportação de petróleo fornece 96% da renda do país. Desde 2003, o governo monopoliza essas divisas mediante um controle de câmbio.
A queda dos preços do petróleo em 2014, em um país dependente das importações, gerou uma aguda escassez de alimentos, remédios e insumos. O desabastecimento, a paralisação da indústria e o controle de preços alimentam uma inflação projetada pelo FMI de 2.349,3% para 2018.
Especialistas também atribuem o alto custo de vida à pressão do dólar no mercado paralelo, que financia importações privadas, e à emissão de dinheiro sem lastro. O bolívar se desvalorizou 95,5% no mercado negro no último ano. O FMI prevê quedas do PIB de 12% em 2017 e 6% em 2018.
Com reservas internacionais de US$ 9,743 bilhões e uma dívida externa estimada em US$ 150 bilhões, o país e sua petroleira PDVSA foram declarados em moratória parcial por pagamentos atrasados de títulos.
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Maduro quer renegociar a dívida, mas sanções dos Estados Unidos proíbem cidadãos e entidades do país de comprar novos títulos venezuelanos.
o Crise social Um funcionário com salário mínimo recebe 456.547 bolívares (US$ 153 no câmbio oficial e US$ 4,7 no mercado negro). Um quilo de carne custa em média 150.000 bolívares.
Segundo o governo, em 2016 a pobreza ficou em 18,3% e a extrema pobreza em 4,4%. Mas um estudo das principais universidades do país situou a pobreza em 30,2% e a extrema pobreza em 51,5% em 2016.
o Crise de saúde A escassez de medicamentos é de 85%, atingindo 95% naqueles usados no tratamento de doenças crônicas, segundo a Federação Farmacêutica.
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Doenças como a difteria, erradicada há 24 anos, reapareceram. Há surtos de tuberculose, malária e sarampo.
Segundo cifras oficiais, a mortalidade infantil aumentou 30,12% em 2016 em relação a 2015 - para 11.466 mortes de menores de um ano.
o Crise de segurança Segundo a Procuradoria, a taxa de homicídios em 2016 foi de 70,1 para cada 100.000 habitantes - 21.752 casos -, quase nove vezes maior que a média mundial.
Mas a ONG Observatório Venezuelano de Violência (OVV) a coloca em 91,8 para cada 100.000 - estimando em 28.749 casos. / AFP
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