Vencedor de Nobel da Paz é condenado à prisão na Rússia por críticas à guerra na Ucrânia

Oleg Orlov foi sentenciado a dois anos e meio de prisão por ‘desacreditar’ o exército russo

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Por Redação

Oleg Orlov, um dissidente da Rússia e defensor dos direitos humanos, foi condenado nesta terça-feira, 27, em Moscou, a dois anos e meio de prisão por fazer críticas à guerra na Ucrânia. O ativista de 70 anos, era copresidente da ONG Memorial, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2022 pelo trabalho de preservação da memória da repressão na era soviética e que foi dissolvida pela Justiça russa.

Orlov foi considerado culpado em primeira instância em outubro de 2023 por “desacreditar” o Exército da Rússia, em um artigo na publicação online francesa Mediapart, e foi condenado a uma multa de 150 mil rublos (cerca de 1,5 mil dólares na cotação da época), uma pena leve em comparação com as sentenças habituais contra críticos do governo.

Tanto a defesa como a acusação recorreram e um tribunal superior anulou a multa, devolvendo o caso ao Ministério Público. O novo julgamento começou no início deste mês. “O tribunal decidiu declarar Orlov culpado e sentenciá-lo a uma pena de dois anos e seis meses (…) em uma colônia penal”, anunciou o juiz ao ler o veredicto, nesta terça-feira.

Policial algema Oleg Orlov, o ativista de direitos humanos e copresidente do grupo Memorial vencedor do Prêmio Nobel, após condenação a dois anos e meio de prisão. Foto: ALEXANDER NEMENOV / AFP

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Em sua última declaração ao tribunal, na segunda-feira, Orlov denunciou “o estrangulamento da liberdade” na Rússia e o envio de tropas russas para a Ucrânia. “Não me arrependo de nada”, disse ele. Ele também criticou a morte, em 16 de fevereiro, do opositor Alexei Navalni em uma prisão no Ártico, que descreveu como “assassinato”, e apelou aos outros opositores a “não perderem a coragem”.

Dezenas de pessoas compareceram ao tribunal para apoiar Orlov, um dos últimos críticos do Kremlin livre e ainda na Rússia, já que muitos foram para o exílio. Orlov nunca quis deixar a Rússia. “Sou mais útil aqui”, disse à AFP em uma entrevista em meados de fevereiro, na qual defendeu que é “importante” que vozes críticas permaneçam na Rússia, apesar da repressão sistemática./AFP e AP.

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