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Soluções para o Oriente Médio: É preciso deixar os palestinos decidirem suas vidas; leia análise

Viabilidade da Faixa de Gaza depende de fim do controle de Israel ao território palestino, afirma ex-conselheira da equipe de negociadores da Organização para a Libertação da Palestina

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Por Diana Buttu*

O The New York Times procurou pensadores, líderes políticos e especialistas para obter suas visões sobre o que poderia ser feito pelo futuro do Oriente Médio

Do dia 25, até a quarta-feira, 27, o Estadão republica 10 artigos que refletem sobre o futuro da relação entre palestinos e israelenses - e o que pode ser feito para chegar à paz. Serão em média três textos por dia, com publicação pela manhã, à tarde e à noite.

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Em 2005, eu era consultora jurídica da equipe de negociação palestina quando estava ocorrendo a retirada de Israel de Gaza. Na época, nos perguntaram: O que é necessário para tornar Gaza viável?

Nossa resposta: Certificar-se de que a Faixa de Gaza não seja transformada em uma jaula a céu aberto. Assegurar que os palestinos que vivem lá tenham acesso ao mundo por meio de um aeroporto, um porto marítimo e uma conexão com a Cisjordânia.

Essa ideia foi ridicularizada porque não se encaixava convenientemente na fórmula de controle perpétuo de Israel sobre a vida dos palestinos que o Ocidente, mesmo naquela época, sempre apoiou. Nunca me esquecerei de quando alguém da equipe de negociação israelense me disse, sem rodeios, que o nível do scanner de segurança que Israel exigia para examinar as mercadorias que entravam e saíam da Faixa de Gaza era tão alto que esse dispositivo nem sequer existia.

Palestinos olham para os escombros de prédios destruído no campo de refugiados Al-Nuseirat, Faixa de Gaza, 22 de dezembro de 2023. Foto: EFE/EPA/MOHAMMED SABER

Isso nunca mais deve acontecer. O futuro de Gaza - assim como o da Cisjordânia - cabe aos palestinos decidir. Essa é a essência da autodeterminação. A comunidade internacional não deve continuar a colocar Israel em primeiro lugar, como tem sido feito há décadas. Ela não pode tentar buscar líderes convenientes como parceiros ou tentar entrar em mais um acordo de longo prazo.

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Os palestinos devem viver livremente, sem a menor sensação de um laço israelense em torno de nossos pescoços. Quaisquer que sejam os arranjos imediatos implementados após o término do ataque israelense a Gaza, eles devem ser associados ao fim do regime de opressão de Israel e acompanhados de medidas para responsabilizar Israel por quaisquer crimes de guerra que tenha cometido. Qualquer solução que não inclua isso fracassará.

Em uma palavra, os palestinos exigem uma coisa: liberdade.

* Buttu, advogada, é ex-conselheira dos negociadores da OLP

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