Turquia e Romênia tentam desarmar em seus litorais minas possivelmente lançadas na costa da Ucrânia

Em anúncios individuais, os ministros da Defesa de ambos os países disseram ter mobilizado suas forças navais para desarmar minas que surgiram perto do seu litoral

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Por Annabelle Timsit, Kareem Fahim e Zeynep Karatas
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4 min de leitura

THE WASHINGTON POST - Turquia e Romênia têm se esforçado recentemente para neutralizar minas potencialmente explosivas, em meio a preocupações com a possibilidade de as armas chegarem flutuando pelo Mar Negro vindas do litoral da Ucrânia na direção dos países vizinhos.

Em anúncios individuais feitos na segunda-feira, os ministros da Defesa de ambos os países disseram ter mobilizado suas forças navais para desarmar minas de origem desconhecida que surgiram perto do seu litoral.

Uma mina detectada na segunda-feira foi a segunda identificada nas águas próximas da Turquia em dois dias. O governo da Turquia disse anteriormente estar em contato com Moscou e Kiev a respeito dos armamentos, mas não especificou se um dos dois lados teria responsabilidade pelas minas.

O navio de caça às minas da classe Aydin da Marinha turca, TCG Akcay, navega no Bósforo a caminho do Mar Negro, em Istambul, em 26 de março. Foto: Yoruk Isik/Reuters

O governo da Bulgária disse na semana passada ter alertado os habitantes da região próxima do litoral do Mar Negro para tomar cuidado com a possibilidade de minas flutuantes, de acordo com o noticiário local.

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A correria ocorre na sequência de uma afirmação do serviço de inteligência da Rússia (FSB), que alertou no dia 19 de março ter perdido mais de 400 minas navais por causa do mau tempo, que as desligou dos cabos que as ancoravam, dizendo que estas agora “boiam livremente na parte ocidental do Mar Negro”, que inclui águas territoriais da Ucrânia, Romênia, Bulgária e Turquia.

Na ocasião, a Ucrânia fez pouco do alerta, descrevendo-o como falso e fruto de motivação política. “É parte da campanha de desinformação dos russos”, disse à agência Reuters o vice-diretor da Administração Marítima do governo da Ucrânia, Viktor Vishnov. “Isso foi feito para justificar o fechamento desses distritos do Mar Negro sob o suposto pretexto de uma ‘ameaça de minas’.” O Washington Post não pôde verificar independentemente as alegações de ambos os lados.

Um tratado internacional de 1907 proíbe os países de instalarem minas flutuantes desancoradas criadas para danificar os navios que entram em contato com elas, a não ser que possam ser controladas ou sejam “construídas de modo a se tornarem inofensivas em até uma hora depois de desligadas do controle do operador”.

O ministério da Defesa romeno disse na segunda-feira que uma embarcação de pesca tinha avistado uma mina flutuante aproximadamente às 8h da manhã (hora local), alertando em seguida as autoridades marítimas, que empreenderam então uma operação para neutralizá-la a cerca de 39 milhas náuticas do Porto de Midia, sudeste da Romênia. O ministério não especificou a origem da mina e não havia novas informações disponíveis a respeito da operação.

Ameaça no Bósforo

Enquanto isso, a Turquia disse na segunda-feira que neutralizou uma mina detectada perto do litoral de Igneada, cidade no noroeste do país, próxima da fronteira com a Bulgária, e no sábado, outra mina supostamente vinda do Mar Negro levou a um fechamento temporário do Bósforo, importante via marítima que cruza Istambul.

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O incidente trouxe a preocupação com a possibilidade de o conflito entre Rússia e Ucrânia ameaçar o tráfego no Bósforo, um gargalo fundamental no transporte global de energia e no comércio.

Fotografias que seriam da mina mostram uma esfera metálica com espinhos. No sábado, o ministro da Defesa da Turquia, Hulusi Akar, descreveu a mina como “antiga” e disse que a Turquia tinha contactado o Kremlin e Kiev a respeito do seu surgimento no Bósforo. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL