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Ucrânia raciona energia e alerta para apagões após ataque em larga escala da Rússia

Bombardeios obrigaram Kiev a gastar escassas munições de defesa aérea no momento em que o país enfrenta dificuldades no campo de batalha à espera da prometida ajuda dos EUA

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Por Redação

KIEV - A Ucrânia impôs restrições ao fornecimento de energia e alertou para possíveis apagões depois que um ataque em larga escala com dezenas de mísseis e drones da Rússia — o maior em semanas — atingiu a sua infraestrutura elétrica nesta quarta-feira, 8. Pelo menos uma pessoa morreu e nove ficaram feridas, incluindo uma criança de oito anos.

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“Quase 60 mísseis e mais de 20 drones Shahed apontaram para infraestruturas civis vitais. Nem ao menos um alvo militar”, denunciou o presidente Volodmir Zelenski, que chamou o ataque de “deliberado, calculado e rasteiro”.

O comandante da força aérea ucraniana, Mykola Oleshchuk, afirmou que 39 mísseis e 20 drones foram abatidos. Ainda assim, foram atingidas instalações da estatal Ukrenergo em diferentes regiões do país e três usinas termoelétricas da principal empresa privada de energia da Ucrânia, a DTEK.

A Rússia afirma que retaliou ataques ucranianos que atingiram suas refinarias. “Como resultado, as capacidades da Ucrânia para a produção militar e a transferência de armas e equipamentos militares ocidentais para a linha de contato, foram significativamente reduzidas”, disse o ministério da Defesa russo.

Equipes de emergência apagam incêndio em prédio atingido por míssil russo na região de Kiev, 8 de maio de 2024.  Foto: Serviço de Emergência da Ucrânia/ via Associated Press

Os bombardeios russos danificaram quase metade da infraestrutura de energia ucraniana desde o início da guerra e deixaram o país no escuro no inverno de 2022. O prejuízo é estimado em US$ 12,5 bilhões. Do total de danos, US$ 1 bilhão foi causado nas últimas semanas, quando Moscou voltou a intensificar os ataques contra a rede elétrica, afirma o líder do comitê de energia do Parlamento da Ucrânia, Andrii Herus.

Recursos escassos e dificuldades no campo de batalha

Os bombardeios drenam as escassas munições da defesa aérea da Ucrânia, que ainda espera a ajuda prometida pelos Estados Unidos chegar ao campo de batalha. Enquanto isso, a Rússia dá sinais de que prepara uma grande ofensiva. Os bombardeios, ainda que frequentes, têm sido menos regulares e autoridades ucranianas suspeitam que Moscou esteja estocando recursos para o assalto, que pode ser lançado nas próximas semanas.

Nesta quarta, a Rússia anunciou que suas tropas capturaram mais duas vilas na linha de frente dos combates, sendo uma na região de Kharkiv, de onde foram obrigadas a recuar em 2022, e outra em Donetsk.

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As forças russas tem aproveitado o desgaste das tropas ucranianas, em menor número de soldados e munições, para avançar. Com a captura de pequenas vilas, a Rússia está montando um ataque frontal à cidade de Chasiv Yar, cuja captura colocaria na linha de tiro um dos principais pontos de abastecimento para as tropas ucranianas no leste do país.

Recrutamento de prisioneiros

Diante da desvantagem, o Parlamento da Ucrânia aprovou o projeto de lei que permitirá o recrutamento de prisioneiros pelo Exército em troca de anistia. Desde o início da guerra, a Rússia mobilizou dezenas de milhares de seus prisioneiros — o que Kiev criticava.

A mobilização deve incluir apenas os presos que se voluntariarem e tiverem menos de três anos de pena para cumprir. A medida não será aplicável aos que foram condenados por crimes graves como assassinato, violência sexual e ataques à segurança nacional.

Funcionário da companhia de gás avalia os danos em casa destruída por míssil russo, 8 de maio de 2024. Foto: Efrem Lukatsky/Associated Press

Ativos russos congelados

No esforço para aumentar a ajuda à Ucrânia, os países da União Europeia chegaram a um acordo preliminar para fornecer recursos adicionais para armas e munições a partir dos ativos da Rússia, que estão congelados no bloco em retaliação à guerra.

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O acordo anunciado pela Bélgica —que detém a maior parte dos 210 bilhões de euros em ativos do Banco Central russo — foi firmado entre entre 27 embaixadores do bloco após semanas de intensas negociações.

A ideia é que sejam liberados até 3 bilhões de euros por ano para Kiev e que a maior parte (90%) possa ser usada para gastos em munições e equipamentos militares. O limite foi estabelecido para vencer a recusa de países como a Hungria, que é próxima da Rússia, e tem resistido em mandar armas para Ucrânia.

Os Estados-membros da UE ainda precisam endossar oficialmente o acordo negociado pelos embaixadores./AFP e AP

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