Manus AI: Conheça a IA chinesa que realiza tarefas complexas de forma autônoma

Nova inteligência artificial vem colocando gigantes da inteligência artificial em xeque

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Foto do author Alice Labate
Atualização:

Na sexta-feira, 7, um vídeo mostrando cerca de 30 telas de celular operando simultaneamente começou a circular no X (ex-Twitter), alcançando quase 500 mil visualizações. O autor da publicação afirmou que se tratava de uma inteligência artificial (IA) da Manus AI, startup chinesa que desenvolve sofisticados agentes de IA. Embora o vídeo tenha sido desmentido pelo cofundador da empresa, as poderosas automações chamaram a atenção - e fizeram alguns especialistas acreditarem estar diante de um novo “momento DeepSeek”. Mas, afinal, o que é o Manus AI?

Tela do Manus AI Foto: Reprodução/X/@manus_AI_HQ

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A criação da startup é um sistema de IA projetado para realizar tarefas de forma autônoma, sem a necessidade de comandos humanos contínuos. Ela não se limita a responder perguntas ou gerar sugestões, mas executa tarefas do início ao fim, como análise financeira, planejamento de viagens e pesquisa de fornecedores. Em fase beta e disponível apenas por convite, o sistema propõe uma nova abordagem na interação entre IA e usuário, funcionando como um assistente multifuncional.

A empresa foi fundada por Ji Yichao, um empresário chinês com histórico em IA e cofundador da Butterfly Effect, empresa voltada para soluções digitais. A estreia do Manus no mercado aconteceu com uma apresentação em vídeo, onde Ji afirmou que o sistema é mais do que um simples chatbot. “Este não é apenas mais um fluxo de trabalho; é um agente verdadeiramente autônomo”, disse ele, destacando as capacidades avançadas da IA para pensar, planejar e executar tarefas sem intervenção externa.

A tecnologia por trás do Manus envolve uma arquitetura multiagente, em que a IA coordena vários subagentes especializados em diferentes tarefas. Essa estrutura permite que o sistema execute fluxos de trabalho complexos de forma assíncrona, sem a necessidade de interação constante do usuário. A inovação é vista como um marco importante no desenvolvimento de sistemas de IA que vão além das ferramentas de automação atuais, tornando-se um ator independente no ecossistema de tecnologia.

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Dúvidas

O Manus AI foi apresentado como um modelo revolucionário de IA, prometendo uma arquitetura inovadora para facilitar o desenvolvimento e a implementação de sistemas de IA. No entanto, a verdadeira natureza do Manus foi descoberta quando um usuário solicitou ao sistema a exibição dos arquivos presentes em “/opt/.manus/”, revelando o código de execução da sandbox — o ambiente onde o código do programa é executado.

Analisando o código de execução, constatou-se que o Manus não utilizava um modelo de IA inédito, mas sim o Claude 3.5 Sonnet, da Anthropic, combinado com cerca de 29 ferramentas especializadas. Ou seja, a empresa Manus adaptou o Claude, incorporando novas funcionalidades e integrando-as em um sistema mais complexo. Essa revelação levantou questionamentos sobre a estratégia da empresa em comercializar o Claude sob outro nome, apresentando-o como um modelo próprio.

Mas, o que se espera de bons agentes de IA, é que sejam orquestrados para escolher os melhores modelos para a execução de tarefas específicas. “Ele sempre seleciona o modelo mais adequado para cada tarefa, garantindo maior eficiência. Ou seja, o Manus utiliza modelos específicos para diferentes finalidades, o que aumenta a velocidade de resposta. Se um usuário perguntar, por exemplo, ‘Quais são as capitais do Brasil?’, o sistema não precisa recorrer a um Large Language Model (LLM) robusto. Um modelo menor, especializado em geografia, com cerca de 8 bilhões de parâmetros, já consegue fornecer a resposta com precisão”, explicou Anderson Amaral, professor de MBA em IA Aplicada e cofundador da ScoraS, empresa especializada em soluções de análise de dados e IA.

Questões de privacidade e segurança

Apesar do entusiasmo, as preocupações com a segurança e a privacidade de dados não tardaram a surgir, mas sua origem de código aberto deveria acalmar os ânimos, dizem os especialistas. “A Manus é de código aberto, ou seja, o usuário pode escolher colocar os agentes de IA que ele quer usar e que serão úteis para o tipo de tarefa que ele pede, então acaba que a questão da privacidade fica a critério da IA que será utilizada para realizar a tarefa pedida”, afirmou Anderson.

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A ascensão de Manus segue a trajetória do DeepSeek, modelo chinês que provocou agitação no setor ao ser lançado em janeiro deste ano. Contudo, Manus se distingue ao propor uma mudança paradigmática: de assistente para agente autônomo, capaz de atuar com uma autonomia nunca vista em sistemas anteriores.

A existência de agentes de IA chineses acontece em um momento em que os gigantes ocientais estão apostando alto no formato. Google, OpenAI e Anthropic já apresentaram ferramentas do tipo - a empresa de Sam Altman pode cobrar até US$ 20 mil por mês por agentes de nível “PhD”.

Por enquanto, o Manus segue em fase de testes privados, o que alimenta ainda mais a especulação. A demanda pelo acesso à IA é tão alta que alguns usuários estão dispostos a pagar até 50 mil yuans (aproximadamente R$ 40 mil) por um código de acesso, gerando um mercado paralelo.

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