Cientista que diz ter criado o bitcoin é desmentido na Justiça do Reino Unido

Craig Wright, um cientista da computação australiano, afirma desde 2016 ser Satoshi Nakamoto, pseudônimo do criador da moeda virtual

PUBLICIDADE

Foto do author Bruna Arimathea
Por Bruna Arimathea

Uma corte em Londres decidiu, nesta segunda-feira, 5, que o criador do bitcoin continua anônimo. O julgamento aconteceu depois que Craig Wright, um cientista de computação australiano, reivindicou a identidade de Satoshi Nakamoto, pseudônimo do “dono” da criptomoeda. Um juiz decidiu, porém, que a alegação é falsa.

PUBLICIDADE

Durante o processo, que ainda deve ter mais uma audiência nesta terça-feira, 6, a Crypto Patent Alliance (Copa), apoiada pelo criador do Twitter Jack Dorsey fez o papel de oposição da declaração de Wright, dizendo que a alegação era uma “mentira descarada e narrativa falsa elaborada, apoiada por falsificação em escala industrial”.

O grupo ainda afirmou na corte, presidida pelo juiz da Suprema Corte britânica Sir James Mellor, que as evidências apresentadas pelo cientista eram falsas e forjadas, inclusive, com a ajuda do ChatGPT, para construir uma história que pudesse apoiar a hipótese de que ele era, de fato, Nakamoto.

Wright prestou depoimento na Suprema Corte britânica após reivindicar ser o criador do bitcoin Foto: Hannah McKay/Reuters

“Com base em sua alegação desonesta de ser Satoshi, ele buscou reivindicações que ele avalia em centenas de bilhões de dólares, inclusive contra vários indivíduos. Wright tem falhado consistentemente em fornecer provas genuínas de sua alegação de ser Satoshi: em vez disso, ele tem apresentado repetidamente documentos que apresentam sinais claros de terem sido adulterados”, afirmou Jonathan Hough, representante da Copa na audiência.

Segundo a defesa de Wright, porém, o australiano tem provas suficientes para provar que é Satoshi Nakamoto e que é o verdadeiro autor do bitcoin. Uma das evidências, de acordo com Lord Grabiner, advogado de Wright, é que ele tem arquivos que comprovam o estudo sobre a criptomoeda antes de seu lançamento, além da falta de candidatos reivindicando o pseudônimo. O cientista reivindica ser o criador do bitcoin desde 2016.

“Essa questão tem sido objeto de extensos comentários na mídia desde o início de 2016, bem como de vários conjuntos de processos judiciais nesta jurisdição e em outros lugares. Se Wright não fosse Satoshi, seria de se esperar que o verdadeiro Satoshi se apresentasse para contestar a alegação”, apontou Grabiner.

Um dos maiores pontos de contestação é que o código original do bitcoin foi escrito em um software chamado OpenOffice, mas a versão apresentada por Wright foi feita no software LaTeX. Outra discordância foi a falha de Wright em fornecer códigos compatíveis com a chave que bloqueia as bitcoins originais.

Publicidade

Agora, a corte em Londres deve ouvir a exposição de Wright em mais uma audiência e tomar a decisão final no próximo mês, quando Mellor vai emitir um comunicado com o parecer.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.