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Tesla vence processo que culpava seu sistema de piloto automático por acidente de trânsito fatal

Decisão é a primeira envolvendo um acidente fatal no qual advogados das vítimas culparam tecnologia de direção autônoma

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Por Jack Ewing

THE NEW YORK TIMES - O júri da Califórnia, EUA, decidiu na terça-feira, 31, que um acidente que matou um motorista de carro Tesla e feriu gravemente dois passageiros não foi culpa do software piloto automático da montadora.

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Esse é o primeiro veredicto envolvendo um acidente fatal em que os advogados que representam as vítimas atribuíram a culpa ao sistema de piloto automático da Tesla, que permite que um carro dirija com um grau de autonomia mas que tem sido criticado por supostamente não ser confiável.

A decisão do júri em um tribunal estadual da Califórnia pode ser um indicador de como será a conduta dos juízes em casos semelhantes que estão pendentes em todo os EUA. Ela também pode afetar as percepções dos consumidores sobre a qualidade dos veículos da Tesla, que respondem por metade das vendas de carros elétricos em território americano.

Tesla vence processo que culpava seu sistema de piloto automático por acidente fatal Foto: Mike Blake/Reuters

Elon Musk, CEO da montadora, convenceu muitos analistas e investidores de Wall Street de que o software de direção autônoma será uma fonte de lucro para a empresa. A Tesla cobra até US$ 199 por mês por seu sistema de assistência ao motorista mais avançado, o chamado Condução totalmente autônoma.

Musk tem sido frequentemente acusado de exagerar a capacidade do software e de fazer previsões excessivamente otimistas sobre quando ele será capaz de conduzir um carro de um local para outro sem intervenção humana. Apesar dos nomes piloto automático e Condução totalmente autônoma, o software da empresa exige que os motoristas permaneçam atentos e estejam preparados para assumir o controle total do veículo a qualquer momento.

A ação judicial foi movida por Lindsay Molander e seu filho, Parker Austin. Em junho de 2019, eles eram passageiros de um carro Tesla Model 3 dirigido por Micah Lee, que morreu depois que o carro saiu repentinamente de uma rodovia, bateu em uma palmeira e pegou fogo.

Eles culparam o acidente por um mau funcionamento do software de assistência ao motorista do carro. Durante as alegações finais do julgamento, o advogado representante de Molander e seu filho, citou documentos internos da Tesla que, segundo ele, demonstram que a empresa estava ciente de um defeito no software que poderia fazer com que o carro desviasse repentinamente.

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Quando alguém se envolve em um acidente depois de ter bebido um pouco, não aceitamos suas desculpas.

Michael Carey, advogado representante da Tesla

Os advogados da Tesla argumentaram que houve erro humano. O software não era capaz de fazer com que o carro desviasse tão repentinamente como aconteceu no acidente, explicaram aos jurados durante as considerações finais do julgamento.

Um dos advogados da montadora atribuiu a culpa a Lee, que havia consumido vários drinques em um restaurante e em um distrito comercial próximo à Disneylândia com Molander. Lee tinha álcool no sangue, de acordo com testes realizados várias horas após o acidente, mas não o suficiente para ser considerado bêbado de acordo com a legislação da Califórnia.

“Quando alguém se envolve em um acidente depois de ter bebido um pouco, não aceitamos suas desculpas”, disse um dos advogados da Tesla aos jurados.

“O serviço está fazendo um trabalho muito bom”, acrescentou. “O piloto automático está ajudando as pessoas e tornando o mundo mais seguro para todos nós.” /TRADUZIDO POR ALICE LABATE

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