Mercado de fones de ouvido e pulseiras inteligentes encolhe no 1º semestre; smartwatches crescem

Mercado cinza representa metade das vendas no Brasil

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Por Alice Labate

Grande aposta do mercado após o sucesso dos smartphones, o mercado dos aparelhos vestíveis (como fones de ouvido sem fio e relógios inteligentes) registrou queda consecutiva nos dois primeiros trimestres deste ano, segundo dados da consultoria IDC, especializada em mercado de tecnologia.

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No 1º trimestre, a queda foi de 19,7% em relação ao mesmo período de 2021. O número de vestíveis vendidos foi de 1,32 milhão de unidades no período. Já entre abril e junho, o encolhimento foi de 14,2%, representando 1,38 milhão de dispositivos.

Durante o semestre, o mercado cinza (nome dado a vendas por canais de distribuição legais, mas não oficiais das mercadorias) representou metade dos aparelhos vendidos no País.

Nos primeiros três meses deste ano, foram 573,9 mil aparelhos vendidos no grey market, enquanto o trimestre seguinte registrou 507,5 mil vendas — ambos valores representam encolhimento de 30,9% e 32% na comparação anual, respectivamente.

Segundo a IDC, a queda no mercado cinza é ocasionada pelo esforço da indústria em conscientizar o consumidor sobre os riscos de adquirir produtos sem nota fiscal e garantia.

“O aumento do dólar e do frete e a escassez de componentes também afetaram o mercado cinza”, explica em nota Andréia Chopra, analista da IDC. “Para o segundo semestre, esperamos um porcentual de crescimento maior para o mercado cinza, já que o atual cenário econômico não favorece a aquisição de vestíveis de maior valor agregado e consequentemente com um preço maior.”

O faturamento do setor foi de R$ 1,2 bilhão (alta de 11,3% em relação a 2021) e de R$ 1,1 bilhão (alta de 1,5%) no primeiro e segundo trimestres de 2022, respectivamente. O cálculo também leva em consideração os produtos comercializados no mercado cinza.

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Para o IDC, as expectativas continuam baixas para o segundo semestre de 2022.

“Há sinais de recuperação, mas a projeção é que o mercado de wearables terá seu crescimento impulsionado somente a partir de 2023, com a superação dos grandes impactos econômicos desde a pandemia”, explica Andréia, citando baixa oferta no mercado, altas dos juros e inflação como freios para impulsionar o setor no Brasil.

Relógios inteligentes

O mercado de smartwatches (relógios inteligentes) foi na contramão do mercado de vestíveis: o crescimento foi de 55,2% no primeiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021. No segundo trimestre, a alta desses gadgets foi de 51,4%.

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Outros dispositivos encolheram, no entanto. A categoria de pulseiras fitness teve queda de 43,7% no primeiro trimestre de 2022 e de 25,3% nos três meses seguintes. Relógios comuns caíram em 43,7% no primeiro trimestre e em 21,1% no segundo trimestre deste ano. Fones de ouvido sem fio encolheram 47,3% e 31,7%, respectivamente.

Segundo Andréia, o motivo para o encolhimento se deu pela escassez de componentes, que também foi impactada pelos novos lockdowns impostos pela China para combater a covid-19 no início do ano. “Os fabricantes decidiram priorizar a produção de itens classificados como essenciais, como smartphones, diminuindo a oferta de vestíveis”, diz a analista. “Além da baixa produção, o alto custo do frete e a condição econômica da população brasileira contribuíram para uma redução desse mercado.”

Mercado de dispositivos tecnológicos vestíveis está se recuperando após registrar queda de vendas e produção no primeiro semestre de 2022. Foto: Bose
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