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Startup Diferente atinge R$ 40 milhões em investimento após extensão de rodada

Empresa de entrega recorrente de alimentos orgânicos ‘feios’ afirma que novo cheque é para ‘dar conforto’ ao negócio

Foto do author Guilherme Guerra
Por Guilherme Guerra

A startup Diferente, de alimentos orgânicos que seriam descartados por não atender aos padrões estéticos da indústria de alimentos, anuncia nesta terça-feira, 31, a extensão de uma rodada de investimento. Graças ao novo aporte de R$ 16 milhões, a foodtech completa R$ 40 milhões levantados desde março de 2022, quando iniciou a rodada-semente.

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O cheque foi liderado pela gestora brasileira Caravela Capital, acompanhada por Collaborative Fund, South South Ventures e Valor Equity Partners, que faz estreia na América do Sul com esta rodada. Eles acompanharam Maya Capital, GFC, FirstMinute, além dos investidores-anjo Tiago Dalvi (Olist), Matias Muchnick (NotCo), Abhi Ramesh (Misfits Market) e Hamish Shepard (Hello Fresh).

“Com essa nova captação, decidimos ter um conforto maior na operação”, afirma em entrevista Eduardo Petrelli, cofundador e presidente executivo da Diferente — ele também comandou a startup James Delivery, uma das pioneiras no Brasil em entregas ultrarrápidas, até o negócio ser comprado pelo Grupo de Açúcar, em dezembro de 2018.

Segundo o CEO, que fundou a companhia com Saulo Marti e Paulo Monçores, a startup opera com eficiência e havia gastado menos de 50% do cheque de R$ 24 milhões captado no ano passado. “Ninguém sabe como 2023 e 2024 vão ser, então decidimos antecipar isso”, diz, referindo-se à escassez de capital no mercado de tecnologia.

Petrelli aponta também que, mesmo em condições adversas para os empreendedores (que têm menos condição de barganha com investidores, mais cautelosos), a Diferente conseguiu fazer um up round, isto é, crescer a avaliação de mercado (valuation) em relação ao ano passado — os números, no entanto, não são revelados. Segundo o CEO, o crescimento na marca se dá pelo tamanho da empresa, que cresceu de um período para o outro.

Com a rodada fechada em R$ 40 milhões, a Diferente quer ampliar o seu negócio, que consiste em fazer entregas recorrentes planejadas (semanal ou quinzenal) de legumes e verduras orgânicos para clientes da Grande São Paulo, ABC, Osasco Barueri, Santana de Parnaíba, Carapicuíba, Itapevi e Jandira.

A companhia reduz custos ao negociar diretamente com agricultores, eliminar intermediários da entrega, operar com eficiência tecnológica e incluir na cesta produtos “diferentes” que não atendem a padrões estéticos do mercado, evitando o descarte desnecessário.

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Nosso modelo permite que consigamos entregar alimentos até um raio de 500 quilômetros do nosso centro de distribuição

Eduardo Petrelli, CEO da Diferente

“Nosso modelo permite que consigamos entregar alimentos até um raio de 500 quilômetros do nosso centro de distribuição, o que é um mercado potencial de 50 milhões de habitantes”, diz Petrelli. “Temos 36 cidades potenciais para chegar em 2023 e 2024″, acrescenta, descartando um novo centro de distribuição para aumentar o raio de atuação.

Além disso, o cheque vem para investir no algoritmo personalizado da startup, que hoje atua com predição de comportamento dos usuários. Segundo Petrelli, a ideia é transformá-lo em gerativo: “Antes, usamos muitos dados históricos e fazíamos recomendações. Agora, o novo algoritmo se retroalimenta com avaliações do usuário e frequência de pedidos, por exemplo. O consumidor vai ser cada vez mais entendido pela inteligência artificial”, diz. “Temos poucos dados ainda, mas o nosso aplicativo deve incluir dados novos.”

A meta da Diferente é expandir em 20% o número de profissionais na startup, que hoje conta com 75 funcionários (sendo 22 pessoas do time de tecnologia). Além disso, o faturamento deve crescer para R$ 150 milhões, projeta a companhia.

Paulo Monçores (esq.), Saulo Marti e Eduardo Petrelli (dir.) são os fundadores da startup de alimentos orgânicos Diferente Foto: Divulgação/Diferente

Concorrência na alimentação saudável

O modelo da Diferente esbarra em outras startups do ramo de alimentação (foodtech) saudável, como Raízs, LivUp, Shopper, Jüsto e Daki. Petrelli garante, no entanto, que a empresa deve se manter no mercado sem perder o negócio principal, que é atender pessoas de classe média com compras recorrentes.

“Não vamos entrar no ramo de compras rápidas nem de mesmo dia. Queremos resolver a compra recorrente”, diz Petrelli.

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