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Bolivianos fazem fila para conseguir combustível

Impasse entre oposição e simpatizantes de Evo Morales afeta abastecimento no país.

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Por Marcia Carmo

No quinto dia de protestos intensos contra e a favor do governo do presidente Evo Morales, bolivianos fizeram longas filas em vários bairros de Santa Cruz de la Sierra, capital de Santa Cruz, para comprar botijões de gás. Muita gente amanheceu nesta sexta-feira nas filas. Motoristas também passaram horas em filas nos postos de gasolina da cidade. Além de abastecer o carro, eles levavam vasilhas para estocar o combustível em casa. A Bolívia é o segundo maior produtor de gás natural da América Latina, mas mesmo antes da crise política atual, sua produção era insuficiente para atender a demanda interna, além das exportações para o Brasil e a Argentina. A preocupação com a escassez de combustíveis e com os protestos que chegam aos aeroportos levou diferentes companhias aéreas a cancelar vôos para a Bolívia, informou a TV boliviana P.A.T, nesta sexta-feira. Aeroportos A medida teria sido adotada pelas empresas American Arlines, TAM Airlines e Gol. Os aeroportos de Cobija, em Pando, e de Tarija, entre outros, também permaneceram ocupados pelos manifestantes, segundo o governo da Bolívia. Dos nove Departamentos (Estados) do país, apenas em Santa Cruz, Cochabamba, e La Paz e Sucre, em Chuquisaca, mantiveram os aeroportos abertos. Manifestantes também fecharam a válvula que bombeia gás para La Paz e Oruro - a região de maior concentração de simpatizantes do presidente Evo Morales. A válvula fechada fica na refinaria de Samaipata, a cerca de 150 quilômetros de Santa Cruz de la Sierra, capital de Santa Cruz, reduto da oposição a Morales. Na véspera, manifestantes, armados com paus, fecharam a válvula de um gasoduto que abastece a Argentina. Esta semana, o fornecimento para o Brasil já tinha sido afetado, mas voltou a ser normalizado. Mercado interno A crise política entre o governo de Morales e a oposição agravou a falta de combustíveis e de gás no mercado interno. Em função dos protestos, o produto - no caso do diesel e da gasolina - não tem saído das refinarias. Além disso, como observa a Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos, que reúne as petroleiras, a produção boliviana de energia não é suficiente para atender a demanda interna e externa - que nesse caso inclui as compras de gás realizadas pelo Brasil e pela Argentina. A Bolívia tem cumprido o contrato com o Brasil, mas reduziu o envio do produto à Argentina. Em algumas regiões, como no Departamento de Beni, teme-se pela falta de energia elétrica, já que a termoelétrica local é abastecida com diesel. Para analistas bolivianos, a falta de produtos poderá ser o "limite" na queda de braço travada entre governo e oposição. Morales convocou o Prefeito de Tarija, Mario Cossío, para uma reunião nesta sexta-feira, reacendendo expectativas de entendimento. Cossío representará os outros Prefeitos da oposição. Mas pouco antes do encontro, os dois lados reiteravam que não pretendem abrir mão de suas reivindicações. Morales voltou a defender a nova Constituição do país, criticada pelos opositores, e seus adversários voltaram a dizer que "exigem" a devolução dos cortes no repasse de verbas do setor petroleiro. O impasse continua. Ao mesmo tempo, nesta madrugada, pelo menos 18 pessoas saíram feridas em novos confrontos entre simpatizantes e opositores de Morales no bairro Plano 3000, na Grande Santa Cruz de la Sierra. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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