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Com juro em queda, Valia mira concessões, ações e papéis privados

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Por ALUÍSIO ALVES

A Valia pretende investir em projetos de infraestrutura, incluindo a participação em concessões que serão licitadas este ano, segundo um executivo do fundo de pensão da Vale. "Podemos ter participação nas concessões de aeroportos, rodovias e projetos de energia elétrica", disse à Reuters nesta quinta-feira o diretor-superintendente da Valia, Eustáquio Lott. A medida faz parte do plano do fundo, o quinto maior do país com patrimônio de 14 bilhões de reais e 100 mil participantes, de elevar a fatia do portfólio em investimentos alternativos que ofereçam maior rentabilidade, já que os títulos do governo tendem a render menos com a taxa básica de juro (Selic) mais baixa. "Estamos fazendo uma mudança gradual, mas necessária", disse Lott. Nos últimos anos, os fundos de pensão tiveram dificuldades para cumprir a meta atuarial, rentabilidade mínima necessária para garantir o cumprimento de suas obrigações. Isso porque, em meio às crises internacionais, os governos, inclusive o brasileiro, reduziram o juro básico (que serve de referência para rentabilidade de boa parte dos títulos públicos) para evitar uma recessão. Papéis do governo respondem por 40 por cento da carteira da Valia. Além disso, o fraco desempenho das bolsas também machucou os resultados das ações, que respondem por 24 por cento das aplicações da instituição. Como resultado, em 2011 o fundo dos funcionários da Vale teve rentabilidade de 10,5 por cento, abaixo da meta de 12 por cento. Foi a segunda vez em quatro anos em que o resultado ficou abaixo da meta, repetindo o que acontecera em 2008. De acordo com Lott, isso não chega a preocupar ainda, já que na média o fundo tem superado em muito a meta na última década. Entretanto, com a perspectiva de que os juros no Brasil sigam em queda nos próximos anos, a Valia vem diversificando a carteira. "Estamos mudando o curso do transatlântico", disse. A fatia em fundos de participações (FIPs), que inclui projetos de infraestrutura e participação em empresas fechadas, está hoje em 2,2 por cento do portfólio, e deve chegar a 6 por cento nos próximos anos. Compõem essa carteira desde fundos de internacionalização de empresas brasileiras até outro para construção de plataformas de petróleo da Petrobras. Além da entrada mais firme em projetos de infraestrutura, sempre por meio de FIPs, a Valia também vai elevar a fatia de papéis privados na carteira de títulos de renda fixa. Hoje, os papéis de empresas representam 22 por cento do portfólio total. "O crédito privado vai crescer", disse Lott. A Valia também considera elevar a fatia de renda variável em sua carteira, dos atuais 24 por cento, para até 30 por cento. Segundo o executivo, assim como em 2008, a queda das bolsas nos últimos meses criou uma oportunidade de compra importante para quem investe no longo prazo. No ano passado, o Ibovespa, principal índice de ações no Brasil, caiu 18,11 por cento. "Agora estamos mais para comprar que para vender", disse. Em 2008, após a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers que precipitou uma derrocada das bolsas no mundo inteiro, a Valia entrou ou ampliou a fatia em ações como BR Foods, Dasa e BR Malls. (Edição de Vivian Pereira)

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