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ENTREVISTA-Oposição síria não precisa mais de forças externas, diz líder

Por SAMIA NAKHOUL E KHALED YACOUB OWEIS
Atualização:

O povo sírio não precisa mais da intervenção de forças internacionais porque agora os rebeldes já estão se encaminhando para tomar o centro da capital, Damasco, para derrubar o presidente Bashar al-Assad, disse o novo líder da oposição da Síria, Mouaz al-Khatib, em entrevista à Reuters. Al-Khatib, herdeiro de uma dinastia de religiosos muçulmanos de Damasco, afirmou que a oposição iria considerar propostas de Assad de entregar o poder e sair do país, mas não dará quaisquer garantias até que receba uma firme proposta. Ladeado por seguranças, al-Khatib falou à Reuters na noite de quarta-feira, após uma reunião de nações ocidentais e árabes com a oposição síria na cidade marroquina de Marrakech. "As condições horríveis que o povo sírio suportou o levou em vários momentos a fazer um apelo à comunidade internacional por uma intervenção militar", disse al-Khatib. "Agora, o povo sírio não tem nada a perder. Eles resolveram seus problemas por si mesmos. Eles não precisam mais de forças internacionais para protegê-lo. A comunidade internacional tem se mantido sonolenta, silenciosa e atrasada (para reagir), já que viu o povo sírio sangrando e seus filhos sendo mortos nos últimos 20 meses", declarou o eloquente líder da oposição. Sobre Assad, ele disse: "Eu só espero que ele saiba que não tem nenhum papel na Síria ou na vida do povo sírio. A melhor coisa é ele deixar o poder e parar de beber o sangue do povo sírio.". Al-Khatib culpou as potências mundiais e regionais pela ascensão do islamismo radical na Síria, país que se orgulhava de ser um país tolerante, um mosaico de grupos étnicos. Ele disse que o fracasso do mundo para impedir as forças de Assad de matar manifestantes pacíficos, no início da revolta na Síria, em março de 2011 foi a causa do conflito. "A comunidade internacional é em parte responsável pelo surgimento de alguns fenômenos preocupantes, por causa de sua negligência para com os povos e nações", disse al-Khatib, que foi eleito no mês passado presidente da Coalizão Nacional Síria para a Oposição e as Forças Revolucionárias. "Quando um povo inteiro suporta a matança por 20 meses, então emergem grupos com opiniões radicais ou extremistas". CONFERÊNCIA Na conferência Amigos da Síria em Marrakesh, 114 países, incluindo os Estados Unidos e os 27 estados da União Europeia, reconheceram a coalizão como legítima representante do povo sírio, sinalizando que mais de quatro décadas da família Assad no poder na Síria podem estar chegando ao fim. Com a luta sendo travada na capital, não muito longe do palácio de Assad, e num momento em que os rebeldes rapidamente ganham terreno em todo o país, Al-Khatib, disse que uma saída negociada para Assad continua sendo possível. Al-Khatib é amplamente respeitado por diferentes comunidades religiosas da Síria. Ele é um pregador muçulmano de uma tradicional família que tem sido a guardiã da antiga mesquita Umayyad, no centro de Damasco, um dos locais mais sagrados do Islã.

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