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Gaúcha de 21 anos é a mais nova da lista da Granta, divulgada na Flip

Antes de ser selecionada pela revista literária, Luisa Geisler foi premiada 2 vezes pelo Sesc

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Foto do author Maria Fernanda Rodrigues
Por Maria Fernanda Rodrigues e PARATY - O Estado de S.Paulo

PARATY - A gaúcha Luisa Geisler tem tido uma surpresa boa atrás da outra desde que decidiu, em meados de 2010, do alto dos seus 18 anos, que queria ser escritora. Naquele ano ganhou o Prêmio Sesc de Literatura, na categoria contos. Em 2011, arriscou inscrever outro livro no prêmio que a revelou, afinal, ainda era uma romancista inédita. Ganhou de novo. Quiçá chega às livrarias nesta semana junto com mais uma novidade: nesta quinta-feira, 5, seu nome figurou na lista da Granta dos 20 melhores escritores brasileiros com menos de 40 anos. "Foi uma notícia chocante. Estou me sentindo aquela gurizinha que não tem a proporção do que aconteceu, como quando ganhei o primeiro Prêmio Sesc. É difícil entender toda essa grandiosidade do que está acontecendo", diz. Até decidir que queria ser escritora, a experiência de escrita de Luisa era de uma aluna recém-saída do colégio, que fazia "boas redações". Quando saiu do colégio, fez um ano de Letras e três cursos de idiomas. No ano seguinte, desistiu da faculdade e tentou fazer um curso de formação de autor e agente literário, mas ele tinha sido extinto. Acabou na oficina de escrita literária que o escritor Assis Brasil dá em Porto Alegre. Entrou achando que seriam aulas leves e tranquilas. Enganou-se. Estudou, aprendeu a ler como não aprendeu na escola, experimentou, soltou-se. Mas se soltou muito. "Eu escrevia a bangu o que eu queria e não revisava. Era muito escolar", diz. Foi quando soube, por uma amiga, do Prêmio Sesc. "Eu tinha uns contos parados e muito tempo livre, e pensei: 'vou escrever um livro'."Hoje o tempo não é assim tão livre. Luisa acorda às 5h20 e pega o trem de Canoas para Porto Alegre às 6h30. Estuda Relações Internacionais e Ciências Sociais. É bolsista da ESPM e pesquisa a nova economia institucional. Como parte das atribuições de ter vencido o Prêmio Sesc, viaja o Brasil para falar sobre literatura. Escreve duas colunas por mês para a revista Capricho. Divide o resto do tempo entre os trabalhos das faculdades, as leituras, a escrita, os amigos e o namorado.Luisa, que quando criança brincava de fazer livros a mão, hoje publica em tiragens industriais. Anda um pouco assustada com a precoce fama e tenta mostrar que sim, tem 21 anos, mas e daí? "Ninguém pergunta para o Luiz Ruffato como é ter 51 anos e ser escritor. Eu sei que minha idade é a primeira coisa que chama a atenção. Mas me perguntem como é ser uma escritora branca, mulher, como é ser uma escritora de cabelo liso, uma escritora que mora com a mãe, uma escritora universitária. Tudo isso importa tanto quanto a idade nos textos."

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