GM dispensa 744 temporários e sindicato avalia greve

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Por ALBERTO ALERIGI JR. E VANESSA STELZER
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A General Motors vai demitir 744 funcionários temporários da unidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo. O sindicato de metalúrgicos da cidade vai estudar respostas a essa decisão a partir de terça-feira, o que inclui a possibilidade de greve. A notícia foi dada pelo sindicato e confirmada horas depois pela GM. "Em decorrência da diminuição da atividade industrial em geral e, particularmente, no setor automobilístico, as previsões de vendas de veículos no mercado interno para o primeiro trimestre de 2009 estão sendo revistas, como reflexo da crise financeira internacional", destacou comunicado da montadora divulgado nesta segunda-feira. "Diante dessa nova conjuntura de mercado e visando adequar os seus níveis de produção com a demanda prevista, a GM decidiu antecipar o final e não renovar o contrato" desses trabalhadores. Segundo o sindicato, os contratos foram iniciados em meados do ano passado e acabariam entre julho e agosto de 2009, sob um acordo que garantiu à GM isenções fiscais por parte do governo local. O sindicato informou ainda que outros 58 trabalhadores já foram demitidos ou tiveram os contratos rescindidos desde sexta-feira, sendo que uma das cláusulas do acordo firmado em 2008 previa que eles teriam que ser prolongados. O comunicado da GM não citou esses 58 funcionários. Devido às insenções dadas à montadora, o sindicato pretende cobrar uma atitude de amparo aos demitidos pela prefeitura de São José dos Campos. GREVES Estão também entre as opções do sindicato assembleias, greves, passeatas e cartas aos governos estadual e federal. "A greve contra a demissão é uma necessidade. É uma das ferramentas que pretendemos usar. É necessária a resistência", disse Luiz Carlos Prates, secretário-geral do sindicato, em entrevista a jornalistas transmitida pela Internet. O diretor do sindicato e funcionário da GM Vivaldo Moreira Araújo ressaltou que eventuais greves podem ser decididas a partir de terça-feira. "Amanhã (terça-feira) vamos realizar assembleia na porta da fábrica e nossa proposta é de uma mobilização. Pode ser de greve e pode ser de passeata... Devemos fazer também uma manifestação na frente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)", afirmou Araújo. Segundo ele, em meio a seguidos anúncios de férias coletivas pela GM desde o aprofundamento da crise global no ano passado, o sindicato já havia mandando uma carta ao governo federal e agora irá reforçar a aproximação. "O governo já fez medidas para as montadoras, já deu... bilhões de reais às montadoras, então elas não podem responder com demissões", acrescentou o diretor. A unidade de São José dos Campos emprega cerca de 8.900 pessoas e produz modelos como Corsa, Zafira, Meriva e a picape Montana, informou o sindicato. A GM vinha optando por deixar trabalhadores em férias coletivas na unidade desde outubro. Desde esse período, segundo o sindicato, cinco períodos de férias coletivas foram anunciados pela companhia na fábrica. Atualmente 500 funcionários estão sob período de recesso. A GM viu suas vendas de automóveis e comerciais leves caírem 1,3 por cento em dezembro em relação a novembro, para 29.310 unidades. No mesmo período, as vendas de veículos novos vendidos no país pela indústria subiram 9,4 por cento. A empresa disse no comunicado que "compromte-se" a dar prioridade à readmissão dessas pessoas caso as vendas se normalizem.

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