O governo pretende vacinar 18 milhões de pessoas contra a gripe H1N1 até metade do ano que vem e 1 milhão de vacinas fabricadas pelo laboratório francês Sanofi Pasteur serão compradas pelo Ministério da Saúde. Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia e Insumos do Ministério da Saúde, Reinaldo Guimarães, as primeiras doses chegarão ao país em dezembro. Os outros 17 milhões de doses serão compradas a granel e envasadas pelo Instituto Butantan, em São Paulo, de acordo com informações divulgadas pela Agência Brasil. Nesta segunda-feira, o Ministério da Saúde realizou reunião com especialistas em Brasília para discutir novas medidas para conter a doença, que contou com a presença do ministro José Gomes Temporão. Mais cedo, no Rio de Janeiro, Temporão havia classificado como "irresponsável" a distribuição indiscriminada do medicamento usado para combater a gripe H1N1. "Fazer profilaxia com antiviral é uma medida de profunda irresponsabilidade e não tem nenhuma base técnico-científica", afirmou Temporão durante anúncio de recursos à Saúde no Rio de Janeiro. "O uso indiscriminado pode tornar o vírus mais resistente". MAIS MORTES NO BRASIL Nesta segunda-feira, Bahia, Pernambuco e Santa Catarina confirmaram as primeiras mortes pela nova gripe em cada Estado e o número de vítimas fatais no Rio de Janeiro subiu para 16. Com os novos registros, são ao menos 92 mortes pela doença no país. Em Salvador, foi registrada a morte de um homem de 50 anos. A Secretaria Estadual de Saúde informou em nota que o óbito ocorreu no dia 28 de julho e que o paciente era hipertenso e possuía histórico familiar de morte súbita. Em Olinda, a primeira vítima no Estado foi de uma adolescente de 17 anos, internada em 20 de julho e morta na madrugada desta segunda-feira. Segundo a assessoria do Hospital Prontolinda, a paciente não viajou ao exterior e não pertencia ao chamado grupo de risco -- grávidas, obesos, idosos ou com doenças anteriores ou em tratamento. Já são três mortes registradas no Nordeste brasileiro -- a primeira havia sido confirmada no Estado da Paraíba na semana passada. No Rio de Janeiro, o número de mortos por conta da nova gripe subiu de nove para 16. Das sete novas vítimas, quatro eram da Baixada Fluminense, duas do Rio de Janeiro e uma de São Gonçalo na região metropolitana. Um terço das vítimas fatais no Estado é de gestantes. Em Santa Catarina, foram registradas as três primeiras mortes no Estado -- uma mulher de 29 anos e um homem de 53 anos, ambos no município de Concórdia, e uma gestante de 22 anos, em Tubarão, informou a Secretaria Estadual de Saúde. No Rio Grande do Sul, ocorreram quatro novas mortes pelo vírus -- uma mulher de 43 anos e um homem de 44 anos em Passo Fundo, um homem de 45 anos em Novo Hamburgo e um outro homem de 39 anos em Santa Maria. Com esses números, o número de mortos no Estado chegou a 29, informou a Secretaria Estadual de Saúde. Para priorizar o atendimento aos pacientes da gripe H1N1 no Estado, foram suspensas as cirurgias e internações eletivas pelo SUS, liberando mais vagas de UTI para o tratamento de vítimas da nova doença. São Paulo tem o maior número de mortes (37). Rio de Janeiro teve 16 óbitos e o Paraná, quatro. De acordo com o último relatório sobre a doença divulgado pelo Ministério da Saúde na sexta-feira, o vírus H1N1 é responsável por 60 por cento dos casos de gripe registrados no país. Até o dia 25 de julho, foram confirmados 1.958 casos da nova doença no Brasil. (Por Hugo Bachega em São Paulo, com reportagem de Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro)