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No Quênia, aldeia da família Obama reza, torce e faz humor

Por DANIEL WALLIS
Atualização:

Moradores do oeste do Quênia rezam nesta terça-feira pela vitória de Barack Obama, e parentes preparam um grande churrasco para celebrar a eventual vitória dele na eleição presidencial dos Estados Unidos. O favoritismo de Obama, que é filho de um queniano e pode se tornar o primeiro presidente negro do seu país, faz com que o Quênia viva intensamente a febre eleitoral norte-americana. Bebês estão sendo batizados como "Obama", bebe-se cerveja "Senador" em sua homenagem, astros pop exaltam o candidato, e no domingo estreou em Nairóbi a peça "Obama: O Musical". O pai do candidato, já morto, também chamado Barack Obama, era originário de uma zona rural do oeste do Quênia. A avó materna do candidato, de 87 anos, ainda vive na pequena localidade de Kogelo, onde a polícia reforçou a segurança à espera de uma horda de parentes, amigos, simpatizantes e jornalistas de todo o mundo. Muitos africanos esperam que uma vitória de Obama signifique mais apoio dos EUA para projetos locais de desenvolvimento e para a melhoria das condições de vida no continente mais pobre do planeta. "Meu irmão pode não influenciar diretamente o desenvolvimento da aldeia", disse Abongo Malik Obama, meio-irmão do candidato. "Mas há coisas que ele defende, e são as pessoas que acreditam nessas coisas que vão tomar medidas para melhorar os padrões de vida", disse Malik Obama a jornalistas em Kogelo. Mas analistas alertam que Obama terá poucas condições de levar benefícios palpáveis à África. E também, durante sua carreira, Obama demonstrou pouco interesse pelo continente. Nascido no Havaí, filho de uma mãe branca do Kansas, Obama é tão idolatrado no Quênia quando John F. Kennedy na Irlanda, terra de seus ancestrais, na década de 1960. Kisumu, cidade a cerca de uma hora de Kogelo, na beira do lago Vitória, entrou num frenesi no dia da eleição norte-americana. "Não acho que teria vendido os de McCain", disse a ambulante Kwamboka Okari, que vendia broches de Obama sob o sol equatorial de Kisumu. "Não vejo como McCain viria até aqui." Ali perto, no mercado Chirombero, uma dupla de comediantes organizava uma "fila" de falsos eleitores que votariam numa urna cheia de cartazes de Obama. Milton Obote, o comediante encarregado da urna de McCain, dizia que o movimento era fraco e que pouca gente havia "votado" no republicano. Os quenianos, segundo ele, estão chateados pelo fato de o senador governista nunca ter visitado o país. "McCain me enviou um sonho ontem à noite e me disse para ser seu agente", disse Obote, sob risos da platéia. "Se McCain tivesse vindo ao Quênia, estaríamos votando nele agora, porque queríamos lhe contar nossos problemas." (Reportagem adicional de Njuwa Maina e Donna Omulo)

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