Nome da corrente de Lula para comandar PT enfrentará disputa

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Por CARMEN MUNARI
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Indicado pela corrente majoritária para presidir o PT, o ex-senador e presidente da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra, deve enfrentar adversários na eleição interna da legenda marcada para novembro. Mesmo que não saiam vencedoras, como em outras disputas, as demais tendências acabam por abocanhar postos na direção partidária. A próxima gestão será estratégica por ter a missão de costurar as alianças para a sucessão presidencial, a primeira sem Lula em 21 anos. A indicação de Dutra não conseguiu até agora unir legenda, ao contrário da concordância ensaiada em torno do chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, que mesmo com tendência aglutinadora, não foi liberado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a nova função. Em princípio, as chapas no partido devem ser registradas em julho. Poucos dias após ter sido indicado para comandar o partido, Dutra compartilhou nesta sexta-feira a comitiva do presidente Lula em Sergipe, Estado que representou como senador. A vantagem de Dutra, segundo a atual direção do PT, é que ele se colocou à disposição do partido após o impedimento de Carvalho. Um manifesto assinado por 54 dos 78 deputados federais da legenda está circulando com a tese de uma candidatura de consenso, mesmo admitindo que a ideia é "heterodoxa" para a tradição do partido. O deputado José Genoino, ex-presidente do PT, está à frente do movimento. Dutra, apoiado pela corrente majoritária Construindo Um Novo Brasil, que reúne desde Lula às principais lideranças da legenda, não tem o mesmo trânsito no partido que Carvalho e deverá disputar a presidência nacional com petistas do Movimento PT--segunda força da legenda, considerada de centro--, além das esquerdistas Mensagem ao Partido e Articulação de Esquerda. "Não é o nome dele (Dutra), é a vontade de participar do processo que nos leva a uma candidatura. No PT, o nome da unidade é Dilma. Estamos unidos para fazer Dilma presidente, mas dentro do PT é difícil a síntese", disse à Reuters a deputada Maria do Rosário (RS), da corrente Movimento PT, referindo-se à candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência. O grupo define na próxima quinta-feira, em São Paulo, o nome de seu candidato, entre os deputados federais Geraldo Magela (DF), Virgílio Guimarães (MG), além da própria Maria do Rosário. O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (SP), também deve fazer parte da disputa. Pela Mensagem ao Partido, grupo do ministro Tarso Genro (Justiça), deve concorrer o atual secretário-geral do PT e deputado José Eduardo Cardozo (SP), e, pela Articulação de Esquerda, a deputada Iriny Lopes (ES). CANDIDATURAS NOS ESTADOS Se Dilma é consenso, a grande queda-de-braço entre as correntes do partido será na definição das candidaturas aos governos estaduais de 2010. A atual direção do PT definiu em resolução de maio que vai submeter a escolha das candidaturas regionais às alianças partidárias pró-Dilma. Por esse princípio, o partido terá de abdicar de apresentar nomes nos Estados onde o candidato mais forte for de uma legenda aliada. Maria do Rosário discorda e acredita que Dilma pode ter dois palanques em alguns Estados. "Concordo que a prioridade é o projeto nacional, mas é desnecessário que o PT abra mão de ter candidatura nos Estados. Dilma pode ter dois palanques, sem problema", afirmou. Governadores do partido reunidos nesta semana também saíram em defesa da candidatura própria em Estados adminisitrados por petistas, seja pela reeleição seja por um nome próprio. O PT governa cinco Estados.

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