Votar 'não' em referendo egípcio é luxo para alguns

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Por Redação
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Escondido em um bazar do Cairo, que em tempos melhores atraiu hordas de turistas, o comerciante Ahmed Sayed disse que votar "não" no referendo sobre o futuro do Egito é um luxo que ele não pode pagar. Em sua loja cheia de modelos de pirâmides e estátuas da Esfinge, Sayed está apoiando uma constituição com um sabor islâmico que opositores dizem que vai aprofundar as divisões em um país golpeado por dois anos de turbulência. "Nós precisamos de estabilidade", disse Sayed, de 35 anos, reclamando por ter atualmente apenas 25 por cento dos clientes em comparação com o período antes do levante que derrubou Hosni Mubarak, em 2011, e assustou os visitantes estrangeiros. "Se votarmos 'não' estaremos de volta à praça novamente. Os turistas jamais voltarão enquanto não tivermos estabilidade. Nós, comerciantes, somos os mais prejudicados", disse o lojista no mercado de Khan al-Khalily. O presidente Mohamed Mursi, que desencadeou protestos mortais no mês passado ao atribuir-se poderes extras, e seus aliados islâmicos estão apostando em seus partidários pacíficos e nos egípcios exaustos pela reviravolta para avançar com uma constituição que, se aprovada, levará o país a uma eleição parlamentar no começo de 2013. Os oponentes liberais do presidente dizem que o documento é demasiado islâmico e reduz os direitos das minorias. Uma vitória do "não" poderia significar que o Egito precisaria de mais nove meses antes que uma nova constituição esteja pronta e pode obrigar o país a esperar um ano para uma nova votação parlamentar. Os egípcios vão às urnas neste sábado para votar sobre o projeto da nova constituição, com soldados trabalhando com a polícia para garantir a segurança durante o referendo. Os resultados oficiais devem ser conhecidos após um segundo turno de votação previsto para o dia 22 de dezembro. (Por Tamim Elyan)

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