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Ex-vocalista de heavy metal cria empresa que faz playlists para lojas e fatura R$ 10,5 milhões

Listenx é especializada em music branding e atua com marcas como Smart Fit e Levi’s para criar maior conexão com os clientes nas unidades

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Foto do author João Scheller
Por João Scheller
Atualização:

Você já entrou em uma loja preparado para ouvir um tipo de música específico? Talvez algo mais calmo em uma loja de cosméticos ou música pop em uma varejista de roupas? Saiba que nada disso é por acaso.

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As rádios das lojas são pensadas para fidelizar os clientes e ajudar a impulsionar as vendas, e há empresas especializadas em fornecer serviços com essa finalidade. A estratégia de marketing é chamada de music branding, que se refere à transmissão da identidade das empresas através das músicas.

A Listenx é um exemplo. Criada por um ex-vocalista de heavy metal, ela aposta em fornecer playlists personalizadas para empresas, que dialoguem com o seu público-alvo e com tendências musicais e de estilo. As playlists fazem com que todas as unidades da marca tenham uma identidade padronizada e mais conectada com o cliente.

ListenX fornece playlists personalizadas para diferentes marcas Foto: Felipe Iruata/Estadão

Empresa atende a grandes clientes e fatura R$ 10,5 milhões

Atendendo clientes como Smart Fit, Cacau Show, Adidas e Levi’s, a Listenx atingiu um faturamento de R$ 10,5 milhões no último ano. São mais de 3 mil marcas e cerca de 12 mil pontos atendidos.

Alexandre Casanova, fundador e CEO da companhia, explica que o trabalho envolve reuniões de alinhamento para compreensão da identidade da marca e qual mensagem deve ser transmitida em suas unidades. “Pensamos nos artistas que mais fazem sentido e no humor das músicas”, explica.

Além disso, no intervalo entre as canções, há espaço para a inserção de informes personalizados. Pode ser uma academia que deseja informar que está próxima do horário de fechamento ou uma varejista lembrando os clientes de uma nova promoção.

“Trabalhávamos com serviços de streaming muito customizáveis, então as músicas ficavam muito moldáveis ao gosto de quem trabalhava em cada unidade”, explica Ariela Silveira, coordenadora de branding environment da Levi’s no Brasil.

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Ela explica que a empresa utiliza as playlists personalizadas para transmitir a essência da marca, mantendo um padrão que dialogue com as unidades da empresa espalhadas pelo mundo.

“Fazemos alguns updates para que as playlists conversem mais com as tendências do momento”, explica Silveira, mencionando que uma coleção com elementos dos anos 2000, por exemplo, pede uma playlist que dialogue um pouco com a temática.

“Também existem particularidades regionais que trabalhamos dentro do nosso conceito”, completa.

Nas lojas da Levi’s, segundo ela, não pode faltar rock clássico, rock indie e “estilos californianos”, que representam as origens da empresa.

Alexandre Casanova, fundador da ListenX, foi vocalista em algumas bandas antes de começar a empreender Foto: Felipe Iruata/Estadão

Listenx nasceu na era do CD

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Na juventude, o fundador da Listenx, Alexandre Casanova, foi vocalista em algumas bandas - que tocavam desde MPB até rock progressivo e heavy metal. Ele chegou a se apresentar em casas de rock e clubes de motociclistas no final dos anos 1990 antes de se tornar empreendedor.

A migração de áreas aconteceu quando ele, então com 23 anos e ainda estudante de marketing, percebeu que várias lojas tocavam músicas que destoavam muito da temática do ambiente.

“Vendi um carro que eu tinha quitado, comprei outro bem mais simples e antigo e investi o que sobrou na empresa”, conta, mencionando o capital inicial de R$ 10 mil, que deu origem à Listenx.

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Num tempo anterior à onipresença das mídias digitais e streamings de áudio, ele recebia CDs das gravadoras com os mais recentes lançamentos de diferentes artistas e criava playlists que tocavam por meio do sistema da empresa instalado nas lojas.

“Para as gravadoras, era como se fôssemos uma rádio”, relembra o empresário, que teve que fazer uma pausa nos estudos para focar na nova empresa.

Escritório da ListenX, em São Paulo. Empresa antede marcas como Levi's, Smart Fit e Adidas Foto: Felipe Iruata/Estadão

Música pode ajudar a vender mais

Ticiano Paludo, professor da PUC-RS e sócio da Criatici, empresa especializada em processos criativos para marcas, explica que o cuidado com os sons de cada marca é uma área mais abrangente, da qual o chamado music branding faz parte.

Desde o som que a porta de um carro novo faz ao se fechar até o jingle de um comercial na televisão, tudo é pensado para passar determinadas mensagens aos clientes.

“O que sabemos é que comprovadamente funciona. A música que toca nas unidades tem uma papel muito grande em ajudar na conexão com os clientes e na venda”, afirma Paludo, mencionando a importância cada vez maior com cuidados como esse, já que atualmente as vendas são reflexo da conexão dos clientes com as marcas.

Ariela Silveira, da Levi’s, diz que o simples fato de fazer com que o processo de compra se torne mais prazeroso para o cliente já é um grande ativo para as marcas. “Quanto mais tempo ele passar na loja, maior é a probabilidade de compra.”

O que sabemos é que comprovantemente funciona. A música que toca nas unidades tem uma papel muito grande em ajudar na conexão com os clientes e na venda

Ticiano Paludo, professor da PUC-RS e sócio da Criatici

A curadoria das playlists, apesar de importante para grandes empresas, ainda enfrenta reticência de muitas marcas menores, explica Paludo. Mas para aquelas que percebem a importância dos serviços, é possível investir sem gastar tanto.

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A própria Listenx fornece o serviço de playlists para marcas menores, sendo possível contratar uma playlist personalizada com base no tipo de negócio, encomendar inserções de informes no meio da programação e colocar a rádio no ar, sem passar pelos trâmites e reuniões que envolvem as grandes companhias.

Já a carreira musical de Alexandre Casanova, segundo ele, ficou no passado. “Eu me aposentei um pouquinho”, comenta, explicando que nenhuma das músicas da banda chegou a figurar nas listas feitas pela sua empresa. “Mas uma hora quem sabe eu volto?”, questiona aos risos.

Com um crescimento de 20% anual nos últimos três anos e a previsão de faturar R$ 13 milhões este ano, a troca, se ocorrer, ainda deve demorar.

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