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Que tal um restaurante camaronês, boliviano, coreano...os novos empresários do setor em SP

Casas criadas por imigrantes para seus conterrâneos ganham espaço e mostram veia empreendedora

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Por Renato Jakitas
Atualização:

Se você não sabe inglês, vai ser difícil escolher um dos pratos apimentados no cardápio do Mercy Green, restaurante nigeriano que funciona há quase uma década no centro de São Paulo. Apesar do tempo que está em atividade, o dono do negócio mantém a proposta de não falar quase nada em português, exceto uma ou outra palavra que ele usa para atender os seus fornecedores e os poucos (muito poucos mesmo) clientes brasileiros do local.

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“O Corinthians vai cair”, brinca com o rapaz que chega com a encomenda de água mineral em um sotaque carregado, para em seguida explicar à reportagem, em inglês, os motivos de sua baixa proficiência com o idioma português: “Nossos clientes são nigerianos, quase todos eles”, afirma o desconfiado Evans, que prefere não revelar seu sobrenome. “A gente não gosta de se expor. Acho que é uma característica de nosso povo, pode reparar”, justifica o empresário, que logo se esquiva e some por detrás do balcão.

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Seja como for, não é necessária a colaboração do nigeriano para perceber que, ali, ele administra um negócio bastante disputado. Por volta das 16h de uma terça-feira de fevereiro, o salão do Mercy Green está tomado.

Um movimento carregado que, em certa medida, se repete em quase todos os demais restaurantes do gênero, casas cuidadas por imigrantes para imigrantes e que vão abrindo espaço para novos sotaques e temperos em uma cidade que incorporou cozinhas tão distintas quanto a italiana e a japonesa ao longo de sua história.

Acompanhando o fluxo migratório de latino-americanos, africanos e asiáticos, essa nova leva de restaurantes se estende em uma área que vai dos Campos Elísios ao bairro do Pari. E apesar da maioria ainda virar de ombros para o potencial do consumidor local, o interesse natural do paulistano pelas novidades abre brechas e consolida algumas preferências.

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“A gente começou como uma casa para os africanos. Mas, agora, já atendemos muitos brasileiros, alguns são nossos clientes fiéis”, conta a camaronesa Melanito Biyouha, que há seis anos mantém o Biyou'Z em uma portinha da Alameda Barão de Limeira, no Centro.

“Trabalhava em uma banco em Camarões e cheguei ao Brasil com US$ 3 mil para fazer turismo. Resolvi ficar”, diz Melanito, que hoje fatura R$ 25 mil por mês em seu estabelecimento. “Se você vier na hora do almoço, vai ver que já temos muitos brasileiros. Eles gostam muito do fufu, que é uma polenta macia que fazemos.”

Latinos. Para além da comunidade africana, os latino-americanos também expandem sua presença gastronômica na cidade. No Pari, a Rua Coimbra é conhecida como ponto de encontro de bolivianos na cidade. Lá, entre vendedoras de pães típicos e fritadeiras de frango em plena calçada, Nanci Castelon comanda o El Campeon, casa notabilizada por oferecer 20 tipos de pratos típicos, cobrindo todas as regiões do país (a Bolívia tem nove distritos, cada um com comidas características).

“Acho que em cada 100 clientes, um é brasileiro”, afirma Nanci, que durante a semana comercializa uma média de 200 pratos, cada um custa cerca de R$ 14, incluindo a bebida. “Aos finais de semana, essa rua fica lotada de gente. Tem uma feira que chama muita gente. Aí, chegamos a servir até mil pratos por dia”, revela a empresária.

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CamarõesBiyou’Z - Alameda Barão de Limeira, 19-A, Centro Prato principal: Fufu, uma polenta macia que se come com carne

NigériaMercy Green - Alameda Barão de Limeira, 33, Centro Prato principal: Carnes apimentadas e peixes com gengibre

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PeruRinconcito Peruano - Rua Aurora, 451, Centro Prato principal: Cheviche farto com corvina, acompanhado por choclos graúdos

Coreia do SulPortal da Coreia - Rua da Glória, 729, Liberdade Prato principal: Bulgogi, churrasco preparado pelo próprio cliente

BolíviaEl Campeon - Rua Coimbra, 82, Pari Prato principal: Chairo (sopa com vegetais e carne) e o Majao (arroz e carne de sol)

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