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Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|A onda do voto útil

Está escrito que a onda do voto útil vai crescer, mas ainda não chegou à sua excelência, o eleitor

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Foto do author Eliane Cantanhêde

A onda do voto útil, comum na reta final das campanhas, já começou e começou forte, com os artistas puxando a fila, os intelectuais indo atrás e um personagem-chave, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dando aos tucanos e ao próprio centro uma sinalização a favor de Luiz Inácio Lula da Silva, mas, mais ainda, contra Jair Bolsonaro.

Apesar de não citar Lula e Bolsonaro, o texto de FHC não deixa dúvida, ao defender o combate à pobreza e à desigualdade, direitos iguais independentemente de raça, gênero e orientação sexual, valorização da educação e da ciência, preservação do ambiente, fortalecimento das instituições e recuperação da imagem internacional do Brasil.

Esse movimento pelo voto útil, porém, criou uma expectativa que se frustrou nesta quinta-feira, 22, com o Datafolha, pois não alavancou os candidatos do petista em Estados decisivos. Foto: Eraldo Peres/AP

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É tudo que separa Lula e Bolsonaro, logo, é fácil identificar quem está de um lado e do outro nessas questões tão fundamentais. FHC redigiu o texto, não com políticos, mas, sim, com três intelectuais: o ex-chanceler Celso Lafer, o diplomata e seu assessor internacional Miguel Darcy de Oliveira e o diretor do Instituto FHC, Sérgio Fausto.

A nota, ou manifesto, não foi um gesto isolado. Três ex-ministros da era tucana aderiram à chapa Lula-Alckmin no primeiro turno: José Carlos Dias e Miguel Reale Júnior, da Justiça, e José Gregori, dos Direitos Humanos, enquanto 55 líderes políticos e intelectuais da América do Sul fizeram uma carta aberta a Ciro Gomes pedindo que renunciasse em favor de Lula, porque o embate no Brasil, segundo eles, é “entre fascismo e democracia”.

Apesar de José Serra, Aécio Neves e o aliado de sempre Roberto Freire (Cidadania) manterem o apoio à candidata da aliança, Simone Tebet (MDB), e principalmente à vice dela, a tucana Mara Gabrilli, a tendência no PSDB é ir, um a um, para Lula.

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Esse movimento pelo voto útil, porém, criou uma expectativa que se frustrou nesta quinta-feira, 22, com o Datafolha, pois não alavancou os candidatos do petista em Estados decisivos. Em São Paulo, Fernando Haddad (PT) oscilou dois pontos para baixo, Tarcísio de Freitas (candidato de Bolsonaro) ganhou um e o governador Rodrigo Garcia parou em 19%.

No Rio, o governador bolsonarista Cláudio Castro cresceu cinco pontos, enquanto Marcelo Freixo (PSB) recuou um. A exceção é Minas, onde a diferença do governador Romeu Zema (Novo) para Alexandre Kalil (PSD), apoiado por Lula, vem caindo. Na própria eleição presidencial, não houve mudanças, muito menos solavancos, com Lula subindo dois pontos e Bolsonaro grudado no teto de 33% no País. Ciro e Tebet desidrataram? Não.

Conclui-se, assim, que a onda do voto útil está restrita a cúpulas e famosos e não chegou à sua excelência, o eleitor. Mas vai chegar, porque o momento empurra para isso, as ameaças de Bolsonaro assustam e a história mostra que sempre acontece. O desafio de Lula para vencer no primeiro turno é esse: disparar no Sudeste com o voto útil.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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