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Aeronáutica recomeça discussão com fornecedores de aviões

Por Agencia Estado
Atualização:

Os representantes das cinco empresas que estão participando da concorrência internacional para a venda de caças para o Brasil estiveram nesta quarta-feira no Comando da Aeronáutica. Eles foram convocados para mais uma rodada de conversas, que terá início na semana que vem, a fim de que cada fabricante exponha, detalhadamente, nas suas propostas escritas, como será feita a transferência de tecnologia e que tipo de compensação econômica ou industrial será dada ao Brasil pela compra dos aviões. A preocupação do governo em relação à transparência do processo adiará a definição do vencedor pelo menos para meados de julho. Mas há expectativa de que a reunião do Conselho de Defesa Nacional, que escolherá o sucessor do Mirage, só ocorra em agosto já que só as novas rodadas de negociação irão durar cerca de um mês e, depois, a comissão precisará de um tempo para elaborar seu relatório final. As reuniões desta quarta, dirigidas pelo presidente da comissão que analisa as propostas, brigadeiro Aprígio Eduardo de Moura Azevedo, foram realizadas separadamente e duraram, em média, 15 minutos, tempo suficiente apenas para que fossem agendados novos encontros. A ordem, definida por sorteio, será repetida para as discussões mais específicas, quando os técnicos das empresas deverão trazer suas ofertas, de forma que o novo relatório possa deixar absolutamente claro para todos os integrantes do Conselho os motivos pelos quais aquele determinado modelo está sendo escolhido. Os cinco aviões que participam da disputa são o russo Sukhoi, da Rosoboronexport, o representante sueco-inglês Saab-Bae Systems, Gripen, o consórcio Embraer-Dassault, que fabrica o francês Mirage 2000, o russo Mig 29, da Rac-Mig, e o F-16, da empresa norte-americana Lockheed-Martin. As reuniões com os fabricantes começarão na semana que vem e cada empresa terá dois dias para detalhar para os militares da Força Aérea Brasileira as vantagens de seus respectivos projetos. O negócio, que envolve recursos da ordem de US$ 700 milhões, provocou uma disputa acirrada entre as empresas e a presença de lobistas na Esplanada dos Ministérios, no Congresso Nacional e até no Palácio do Planalto. Com esses recursos, a Aeronáutica quer comprar um mínimo de 12 e um máximo de 24 caças. A FAB sabe, no entanto, que a aquisição de um pequeno volume de aviões encarece o preço unitário, já que toda a infra-estrutura para operá-los estará embutida no valor. Os novos caças, que só começarão a voar em 2005, substituirão os obsoletos Mirage que ficam sediados na Base Aérea de Anápolis e deixarão de voar nesta época. Assim que verificou que a pressão seria muito grande, o presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu dividir responsabilidades e anunciou que a decisão será do Conselho de Defesa Nacional. Com isso, ele terá o respaldo dos presidentes da Câmara e do Senado para tomar uma decisão e evitar críticas e problemas semelhantes aos enfrentados durante a concorrência para aquisição dos equipamentos para a instalação do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Essa concorrência não se resume a uma questão técnica - envolve compensação de investimentos, fatores econômicos e geopolíticos terão influência na decisão. Por isso, além do ministro da Defesa, Geraldo Quintão, outros ministros estão sendo consideradas peças fundamentais nessas discussões, como o do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, da Fazenda, Pedro Malan, do Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso, e da Casa Civil, Pedro Parente.

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