BRASÍLIA - Candidatos e dirigentes do PT, além de integrantes de partidos aliados, têm cobrado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por maior participação em campanhas nas eleições municipais. Desde que a propaganda eleitoral foi liberada, em 16 de agosto, o petista só dedicou um dia a promover aliados presencialmente.
O calendário pressiona os candidatos petistas. Lula não pode fazer campanha em horário de expediente por causa das regras eleitorais. Os dias mais propícios para sua participação em comícios são sábado e domingo - e há apenas mais três finais de semana de campanha até o primeiro turno, marcado para 6 de outubro. Petistas de cidades como Fortaleza (CE), São Bernardo do Campo (SP), Teresina (PI), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Manaus (AM) e Uberlândia (MG) precisam, em maior ou menor medida, absorver o eleitorado lulista.
Dirigentes petistas planejam uma reunião com o presidente da República nos próximos dias para organizar a reta final da campanha. Será avaliado, por exemplo, o que ainda é possível fazer no primeiro turno e o que ficará para as disputas no segundo turno.
O próprio Lula já disse que terá pouco envolvimento nas eleições municipais. Ele mencionou a possibilidade de sua participação causar atritos em sua base aliada, caso faça campanha para um petista que disputa contra algum candidato de partido que apoia o governo em nível nacional.
“[Meu trabalho nas eleições] será pouco no Brasil inteiro, porque como presidente eu tenho muitas tarefas. Levo em conta a diversidade ideológica do meu campo de apoio e eu não quero brigar. Campanha não serve para criar inimigos, mas para construir amigos”, disse Lula em entrevista à rádio MaisPB no fim de agosto.
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O petista tem tentado ajudar aliados de outras maneiras. Ele já posou para fotos ou gravou vídeos para centenas de candidatos pedindo voto. Além disso, em algumas de suas viagens, promoveu petistas locais dentro dos limites das regras eleitorais. Em Goiânia, na semana passada, por exemplo, disse em seu discurso que ainda gostaria de participar de um comício da candidata do PT à prefeitura local, Adriana Accorsi.
O único candidato que dividiu palanque com o presidente da República até agora foi Guilherme Boulos, que disputa a prefeitura de São Paulo pelo PSOL. Lula discursou em dois comícios de Boulos em 24 de agosto. Pesquisa Quaest divulgada na quarta-feira, 11, mostrou que o candidato do PSOL foi ultrapassado numericamente pelo atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), e por Pablo Marçal (PRTB). Os três estão tecnicamente empatados na margem de erro de três pontos percentuais.
Antes da campanha, Lula participou das convenções partidárias que escolheram Boulos como candidato a prefeito de São Paulo; Evandro Leitão (PT), de Fortaleza; e Luiz Fernando (PT), de São Bernardo do Campo.
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