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Bike e futebol: quem é o novo juiz do TRE do Paraná nomeado por Lula para julgar Moro

José Rodrigo Sade vai integrar Corte Eleitoral que se prepara para decidir futuro político do senador; fã de futebol, ele rompeu o tendão de aquiles e fez campanha para a vaga com muletas e pé imobilizado

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Por Rayssa Motta
Atualização:

Quando soube que havia sido escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), o advogado José Rodrigo Sade estava no escritório onde trabalha, em Curitiba. As mensagens de amigos e colegas, comemorando a indicação, chegaram antes da comunicação oficial. Àquela altura, a notícia já corria na imprensa.

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Não houve comemoração, nem com o ciclo mais íntimo, antes da publicação do decreto que formalizou a nomeação no Diário Oficial da União, o que só ocorreu nesta quinta, 22, duas semanas após a informação começar a circular. Quem o conhece, garante que a cautela é um traço marcante de sua personalidade.

Sade tinha razões para não cantar vitória antes do tempo. Embora tenha procurado interlocutores no PT para se apresentar, não tem aliados no partido. Pesou o apoio da cúpula do Governo do Paraná. Sade também foi a escolha do Grupo Prerrogativas, coletivo de advogados próximo do presidente, que o via como o “menos pior” na lista tríplice aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O hiato entre as primeiras informações sobre a indicação e a nomeação oficial deu margem para uma campanha que tentou desgastar o nome do advogado. Chegaram a vasculhar suas redes sociais e expôr que ele seguia perfis da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Sade trabalhou como substituto no TRE do Paraná nas eleições de 2022 e chegou a ocupar, interinamente, uma cadeira de titular no tribunal. Advogados que precisaram despachar nesse período relataram ao Estadão que ele se manteve acessível e sempre fez questão de receber quem o procurou no gabinete.

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José Rodrigo Sade pedala e joga futebol nas horas livres. Foto: Divulgação TRE-PR via Flickr

Agora, o novo juiz do TRE ficará no cargo por dois anos. A indicação é essencial para destravar o julgamento das ações que podem levar à cassação do senador Sérgio Moro (União-PR), acusado de abuso de poder econômico nas eleições de 2022. Curiosamente, um dos clientes do advogado foi o deputado cassado e ex-chefe da Lava Jato Deltan Dallagnol, desafeto de Lula. Apesar disso, não é visto como um apoiador da operação.

Ele deve se reunir ainda nesta quinta com o presidente do TRE, Sigurd Roberto Bengtsson, para definir quando será empossado. O Estadão apurou que a cerimônia pode ocorrer já na próxima semana. O julgamento de Sérgio Moro depende da posse, porque o tribunal precisa estar com a composição completa para analisar as ações que pedem a cassação do senador.

Por orientação do TRE, ele e outros membros do tribunal têm se mantido discretos. A diretriz é evitar declarações à imprensa e centralizar as informações na presidência, para evitar ruídos no julgamento.

Fora do trabalho, o advogado gosta de pedalar e de jogar futebol. Um acidente na “pelada”, no ano passado, terminou com um rompimento no tendão de aquiles. Sade precisou passar por uma cirurgia em novembro e fez a campanha para o TRE usando muletas. A bota ortopédica ainda o acompanha, sem data para alta.

Além do julgamento de Moro, o Tribunal Regional Eleitoral terá pela frente toda a movimentação das eleições municipais de 2024. Ao contrário das eleições gerais, em que o TRE é responsável pelos registros de candidaturas, nos pleitos municipais esse trabalho é feito localmente, nas zonas eleitorais, e apenas os recursos sobem à Corte Eleitoral. Com isso, o trabalho no TRE começa a se avolumar mais tarde, só no segundo semestre.

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