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Cid disse que Forças Armadas iriam garantir ato no Congresso e STF e prometeu R$ 100 mil, diz PF

Mensagens obtidas pela Polícia Federal indicam que ex-ajudante de ordens de Bolsonaro prometeu que militares fariam segurança de manifestantes, programou protesto na sede dos Poderes no feriado da Proclamação da República em 2022 e até ofereceu quantia para custear manifestação

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Por Rayssa Motta , Fausto Macedo , Rubens Anater e Pepita Ortega
Atualização:
O tenente coronel Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem era braço-direto antes de delação. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Ao fechar cerco ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a seus aliados mais próximos, incluindo ex-ministros do seu governo e militares de alta patente, na Operação Tempus Veritatis, a Polícia Federal (PF) cravou que o entorno do ex-presidente articulou e financiou manifestações golpistas após o segundo turno das eleições de 2022.

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Conversas obtidas pela PF mostram que o tenente-coronel Mauro Cid, que fechou delação premiada e foi o pivô da operação, na época ajudante de ordens de Bolsonaro, ajudou a organizar protestos no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 15 de novembro de 2022, Data da Proclamação da República, e prometeu suporte das Forças Armadas para garantir a segurança dos manifestantes.

O tenente-coronel também ofereceu R$ 100 mil para cobrir gastos com hospedagem e alimentação de manifestantes, além de materiais, e orientou que pessoas fossem trazidas do Rio.

Cid ofereceu R$ 100 mil para custear protesto em Brasília no dia 15 de novembro de 2022, diz PF. Foto: Reprodução/processo judicial

As mensagens foram trocadas com o major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira, conhecido como Joe, que segundo a Polícia Federal era o interlocutor de Mauro Cid na “coordenação de diversas estratégias” golpistas. Oliveira é apontado na investigação como um dos responsáveis por organizar o financiamento e dar suporte operacional às investidas antidemocráticas. Ele é um dos alvos da operação.

A PF afirma que os diálogos demonstram que os protestos pró-Bolsonaro não nasciam necessariamente da mobilização popular, mas eram incensados a partir da “arregimentação e do suporte direto” do grupo ligado ao ex-presidente. Para os investigadores, o objetivo era demonstrar que as bandeiras golpistas tinham “apoio popular”.

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Mauro Cid e o major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira conversam sobre protesto no CN (Congresso Nacional) e no STF. Foto: Reprodução/processo judicial

A informação foi destacada pela Polícia Federal no relatório enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para conseguir autorização para deflagrar a operação.

“A representação noticia a realização de reuniões por integrantes civis do governo federal e militares da ativa para encaminhar orientações aos manifestantes de como agirem, locais de atuação, além de financiarem e respaldarem suas ações, por meio da Forças Armadas”, destacou Moraes ao dar sinal verde para a etapa ostensiva da investigação.

Entre os alvos da PF, estão o próprio Bolsonaro, Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Valdemar Costa Neto (presidente do PL), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha).

Os investigados afirmaram, via defesa, que vão cumprir as determinações impostas pela Justiça, mas que ainda não tiveram acesso às investigações para saberem o que pesa contra cada um deles. Braga Netto ainda não se manifestou.

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