
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes de passar a usar o sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP) - alvo da força-tarefa da Operação Lava Jato -, frequentava outra propriedade rural, o Sítio Valeska, que pertence ao advogado Roberto Teixeira, seu compadre. São cinco áreas que formam o "Recanto Valeska", em Monte Alegre do Sul (SP).
O sítio é a união de duas propriedade, o Valeska e o Ilh'arissa - batizados com nomes em referência às duas filhas do advogado. A propriedade tem características comuns com o sítio de Atibaia (SP), o Santa Bárbara - foco das investigações da Operação Lava Jato, como possível propriedade oculta de Lula. Ampla área de lazer, área de pesca, adega de vinhos e chalé para visitas.
A propriedade tem uma ilha particular num trecho privativo do Rio Camanducaia - origem do no Ilh'arissa, em homenagem a filha Larissa. E guarda muitas histórias do ex-sindicalista que virou presidente da República. Por causa da presença frequente do ex-presidente na cidade entre os anos 1980 e 1990, o Valeska é conhecido na cidade como "sítio do Lula".




Nos registros oficiais, a propriedade aparece em nome de Teixeira, da mulher dele, Elvira, e das filhas, Valeska e Larissa. A Mito Participações - que é dono do apartamento em que mora um dos filhos de Lula em São Paulo - também já teve parte das áreas. Em 2005, além de mudar os nomes das áreas que compõe o sítio em "Recanto Valeska", o compadre de Lula registrou todos como bem de família e local de moradia - afastando a possibilidade de penhora.
Roberto Teixeira mora em São Paulo e passa os fins de semana com a família em Monte Alegre, conhecida como a "terra do morango". Além do topógrafo de confiança indicado para medir e demarcar o terreno do sítio em Atibaia, o compadre de Lula tem um pedreiro que o acompanha desde que virou dono de terras na cidade. Conhecido como Guina, o braço-direito mora em um imóvel no bairro das Mostardas que pertence, segundo ele, a Teixeira. No local, numa parte disponível do imóvel para venda, uma placa indica o contato de um e-mail da Mito Participações e telefones em São Paulo.

As duas últimas visitas públicas de Lula ao local foram nos casamentos das filhas de Teixeira, Valeska e Larissa - na época em que ainda era presidente da República. Valeska é casada com o advogado Cristiano Zanin Martins, defensor do petista. O ex-presidente petista foi padrinho do casal.
'Causos'. Entre os moradores, sobram "causos" sobre a época em que Lula ainda não era presidente e era visto com frequência em Monte Alegre. A "lenda" do cheque sem fundo deixado pelo ex-presidente em um boteco da cidade em sua época de sindicalista ainda é corrente. O Estadão procurou três ex-donos da birosca, hoje fechada, e o que resta é apenas a lenda.
"O Lula não saía daqui. Isso antes de ser presidente, na época que era sindicalista e depois quando passou a disputar cargos. Vinha tomar as cachaças dele aqui e vivia pela cidade", lembra Dirceuzinho, dono da única pousada urbana de Monte Alegre.

Conta ainda que na primeira disputa presidencial em que foi derrotado, Lula estevem no reveillon em Monte Alegre e foi barrado na porta do único clube da cidade.
Publicamente, Lula já ironizou as associações de propriedade do sítio do compadre, em Monte Alegre. Desde que assumiu a Presidência, em 2003, ele nunca mais foi visto circulando pela cidade. Já as histórias, voltaram às rodas de bate-papo.