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'Eu tenho boa parte dos R$ disponível em SP já vou ajudá-lo'

Em investigação contra operador do PSDB Paulo Vieira de Souza, preso nesta terça, 19, por ordem da juíza Gabriela Hardt, Ministério Público Federal registra também atuação do operador Rodrigo Tacla Duran em suposta parceria com doleiro e delator Adir Assad

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Foto do author Julia Affonso
 

E-mails anexados à investigação contra o operador do PSDB Paulo Vieira de Souza registraram a suposta atuação do operador Rodrigo Tacla Duran no esquema de lavagem de dinheiro da empreiteira Odebrecht. Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa, estatal paulista, foi preso pela Polícia Federal na Operação Ad Infinitum - 60.ª fase da Lava Jato - nesta terça-feira, 19, por suspeita de também operar no esquema.

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Tacla Duran, foragido na Espanha, é, segundo a Lava Jato, 'Blackz'. Em mensagem de julho de 2011, ele escreveu a 'Waterloo', codinome do executivo Fernando Migliaccio - ligado ao Setor de Operações Estruturadas, o departamento de propinas da Odebrecht -, e citou o operador Adir Assad - delator da Lava Jato.

"Boa tarde; 1 - o Adir já falou comigo, hoje, 07/07 e comentou sobre a operação (tudo ok), eu tenho boa parte dos R$ disponível em SP já vou ajuda-lo e te ajudar, na OP sfiha entregarei o $$ para o Adir e ele faz o repasse para vc ok?", diz a mensagem.

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A ligação entre 'Blackz' e Rodrigo Tacla Duran foi estabelecida em 2017, quando a Procuradoria da República, no Paraná, analisou documentos obtidos no sistema Drousys, usado pelo Setor de Operações Estruturadas.

O objetivo inicial era verificar se os termos 'Blackz', 'Vampe' e 'Vampeta' referiam-se a Tacla Duran. Em delação, o executivo Olívio Rodrigues Júnior, ligado à Odebrecht, havia atribuído ao operador o codinome 'Blackz'.

Durante a investigação, a Procuradoria destacou alguns e-mails. Em mensagem de 19 de dezembro de 2014 enviada ao endereço 'blacz@sectrial.com', o destinatário é identificado por Rodrigo Tacla Duran. O remetente usa ainda o vocativo 'Caro Rodrigo'.

Em outro e-mail, de 16 de julho de 2013, o remetente 'feeling@drousys.com' encaminha a 'white@drousys.com' uma mensagem com de 'blackz@sectrial.com'. Segundo o Ministério Público Federal, 'Blackz' assina como 'Vampe'.

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Uma terceira mensagem foi destacada pelos investigadores. Um e-mail vinculado a instituições financeiras reforça, segundo o Ministério Público Federal, a vinculação de Rodrigo Tacla Duran à conta 'blackz'.

Marcos Bilinski - executivo ligado ao 'banco de propina' da Odebrecht, em Antígua, e hoje delator da Lava Jato - denominou, em julho de 2013, o titular da conta 'blackz@sectrial.com' como 'Vamp'.

No conteúdo da mensagem encaminhada, 'Blackz' é chamado de 'Rodrigo'.

"Diante das evidências registradas nas mensagens selecionadas, e das vinculações do codinome Vampeta e Vampe com a conta blackz@sectrial.com, bem como outras indicações presentes em e-mails a Rodrigo e Rodrigo Tacla Duran, é possível inferir que esses codinomes Blackz, Vampeta e Vampe referem-se a Rodrigo Tacla Duran", informou o relatório.

O documento destacou ainda uma mensagem de 31 de março de 2013. No e-mail, segundo os investigadores, Tacla Duran fez um 'desabafo' e afirmou ter operado mais de US$ 300 milhões.

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"Operei com vocês + de USD$ 300.000.000,00 e acredito eu que nunca trouxe problemas ou aborrecimento de qualquer natureza a vocês", dizia a mensagem.

"Desculpe o desabafo, pode até não parecer, porque eu brinco bastante, mas é que levo muito a sério este nosso negócio, porque neste nosso meio a lealdade e a palavra são muito importantes e nunca traí a confiança de ninguém, porque acredito, sim, que esta é a conduta mais adequada neste nosso meio, que o papel não existe, e é uma relação de confiança mútua."

O e-mail cita ainda os codinomes 'Dragão' e 'Juca', ligados a operadores financeiros. "Com esta situação expliquei ao Dragão que não vou + operar cheques para ele e que ele deve operar cheques com o Juca ou com qualquer um, porque não irei mais arrumar operação de cheques para ele, as quais não tem nada haver com a gata e só ficam criando oportunidades para este tipo de mal - entendido."

A reportagem está tentando contato com os citados. O espaço está aberto para manifestação.

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