
Em sua cruzada contra as urnas eletrônicas e em defesa do comprovante impresso de votação, o presidente Jair Bolsonaro decidiu tornar público um inquérito sigiloso da Polícia Federal que investiga um ataque hacker aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Documento
O material divulgado por BolsonaroAo todo, foram divulgadas 224 páginas da investigação em suas redes sociais no último dia 4. O material foi obtido pelo deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) durante o trabalho de relatoria da 'PEC do Voto Impresso', que acabou derrotada no plenário da Câmara, junto ao delegado da Polícia Federal Victor Neves Feitosa Campos.
O vazamento da investigação sigilosa motivou o TSE a formalizar uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a abertura de um inquérito para apurar se Bolsonaro, Barros e o delegado da PF cometerem crime ao repassarem os documentos. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, autorizou a nova frente de apuração que vai correr vinculada ao inquérito das fake news.
"Diante desses fatos e levando em consideração que a divulgação de dados de inquérito sigiloso da Polícia Federal pelo Presidente da República, através de perfis verificados nas redes sociais, teria o objetivo de expandir a narrativa fraudulenta que se estabelece contra o processo eleitoral brasileiro, com objetivo de tumultuá-lo, dificultá-lo, frustrá-lo ou impedi-lo, atribuindo-lhe, sem quaisquer provas ou indícios, caráter duvidoso acerca de sua lisura, revela-se imprescindível a adoção de medidas que elucidem os fatos investigados", escreveu Moraes em sua decisão.
O inquérito tornado público pelo presidente nas redes sociais foi aberto pela Polícia Federal dez dias após o segundo turno das eleições de 2018 para apurar uma denúncia de invasão do sistema interno do TSE. A investigação foi solicitada pelo próprio tribunal. Desde então, nunca não foram encontrados indícios de que o ataque tenha afetado o resultado das eleições daquele ano.
