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Oportunidade ou necessidade: por que empreender na crise?

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Por Cristian Trentin
Atualização:
Cristian Trentin. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Acredito que, para muitos trabalhadores, perder o emprego não é o fim, mas o começo de uma grande virada. São em momentos de crise que o número de empreendedores cresce -- não só necessidade, mas também pelo senso de oportunidade. Com uma possibilidade muito remota de se inserir novamente no mercado de trabalho, ao trabalhador não lhe sobra muitas escolhas e empreender passa ser uma das únicas opções restantes. E é ali na sala de casa, atuando como MEI, que, depois de um tempo, aquela pessoa pode passar a faturar mais do que ganhava como empregado e com liberdade maior para atuar.

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Segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), estudo desenvolvido pelo Sebrae em 2018, 38% dos brasileiros estavam de alguma forma ligados ao empreendedorismo naquele ano. Agora, com a crise da proporcionada pela pandemia da covid-19, acredito que esse número volte a crescer.

Desde 2015, o número de empreendedores de primeira viagem, levados a abrirem um negócio por enxergarem uma oportunidade, subiu até chegar a 61,8% dos empresários brasileiros em 2018. Coincidentemente, nesse período tivemos uma grande crise, que refletiu diretamente no país.

A relação entre empreendedorismo e crise é íntima, pois é neste tipo de cenário que se intensificam fenômenos como a digitalização do mercado, que podem gerar novas definições para um mercado -- aquilo que chamamos às vezes de "novo normal". As vendas no e-commerce, que nunca foram tão boas em alguns segmentos como hoje, são um exemplo. A alta indica uma época incrível para o empreendedorismo, pois agora todo mundo pode vender produtos ou serviços online, mesmo não sendo umespecialista em tecnologia. Não importa se você trabalhava como manicure, professor de musculação ou costureira, é possível digitalizar as vendas e montar o próprio negócio.

O único desafio pode estar não na vontade, mas sim na falta de conhecimento. Este segundo passo é fundamental para o sucesso da empreitada. Avaliado o cenário inicial, é preciso que os novos empreendedores se afastem de fórmulas mágicas. Abrir o próprio negócio requer, na verdade, esforço, estudo, dedicação e noites de sonos perdidas, masé possível ganhar mais no longo prazo.

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O mais importante neste momento é começar, porém com o menor custo possível. O empreendedor de primeira viagem não deve se preocupar neste primeiro momento em alugar espaços físicos para escritório, investir em cadeiras maravilhosas ou fazer empréstimos em banco, pois o futuro do seu novo empreendimento é incerto. É preciso focar a energia e o capital em vender, ou seja, trazer dinheiro de fora para dentro da estrutura da empresa.

Não se deve esquecer de que existe um novo padrão de normal. Com a chegada do novo coronavírus à nossa realidade, o futuro das lojas físicas é incerto e agora os consumidores já aprenderam comprar digitalmente, seja na farmácia, no supermercado ou na hora de pedir comida. Esse fenômeno não vai recuar. Também não haverá volta em relação ao trabalho em sistema de home office, então um novo negócio precisa levar tudo isso em consideração.

A melhor estratégia é ir por etapas. Por exemplo, se o sonho é abrir um pequeno restaurante de bairro, o empreendedor deve começar preparando comida em sua casa -- logicamente com as devidas liberações do governo e vigilância sanitária -- e priorizar o delivery por aplicativos para entregas. Com este modelo, é possível começar a faturar muito antes de qualquer investimento gigantesco.

De um lado, o governo federal vem incentivando e facilitando há alguns anos a abertura de empresas e a aquisição de crédito, e a internet é uma aliada para dúvidas básicas. De outro, nas próximas semanas, inevitavelmente, milhões de pessoas devem perder seus empregos. A união dos dois cenários nos leva a uma única conclusão: é hora de empreender. E, para quem já trilhou o caminho, ajudar com informações ou ideias passa a ser obrigação.

O importante é mostrar para cada vez mais pessoas que existe, sim, uma outra saída.

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*Cristian Trentin é empresário empreendedor em série. Foi responsável pela fundação das empresas EcoBike Courier e Send4

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