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Sede da Abin é alvo de buscas pela PF; dois diretores são afastados por irregularidades

Operação Última Milha foi aberta por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, faz 25 buscas em quatro Estados e no DF; foi decretado o afastamento de cinco servidores da agência

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Por Pepita Ortega
Atualização:
Apreensão de dinheiro realizada no bojo da Operação Última Milha. Foto: Polícia Federal

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira, 20, a Operação Última Milha para prender dois servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que usaram indevidamente o sistema de geolocalização de celulares do órgão para coerção. Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky foram detidos no Distrito Federal.

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De acordo com informações do G1, os agentes rastrearam celulares de frequentadores do STF, incluindo os ministros. Os investigadores identificaram 33 mil rastreamentos, sendo que, na lista de alvos, há o nome do ministro Alexandre de Moraes.

Agentes ainda vasculham 25 endereços em Brasília (18), Alexânia (GO – 1), São Paulo (1), São José dos Campos (SP - 1), Curitiba (1), Maringá (PR-1), Florianópolis (1), São José (SC – 1) e Palhoça (SC – 1).

As ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, que determinou ainda o afastamento de cinco servidores da Abin, entre eles, dois diretores atuais do órgão. Na casa de um deles, Paulo Maurício, a PF apreendeu US$ 171.800,00 em espécie durante as diligências cumpridas nesta manhã. A sede da Abin também foi alvo de buscas.

A ofensiva mira supostos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

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Segundo a PF, o grupo sob suspeita teria usado o sistema da Abin – um ‘software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira’ – para rastrear celulares ‘reiteradas vezes’. Os crimes teriam sido praticados sob o governo Jair Bolsonaro. À época, o órgão era comandado por Alexandre Ramagem.

Os servidores presos nesta manhã teriam usado o ‘conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão’ em processo administrativo disciplinar do qual eram alvo.

Leia a íntegra da nota da Abin sobre a investigação

A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) informa que, em 23 de fevereiro de 2023, a Corregedoria-Geral da ABIN concluiu Correição Extraordinária para verificar a regularidade do uso de sistema de geolocalização adquirido pelo órgão em dezembro de 2018.

A partir das conclusões dessa correição, foi instaurada sindicância investigativa em 21 de março de 2023. Desde então, as informações apuradas nessa sindicância interna vêm sendo repassadas pela ABIN para os órgãos competentes, como Polícia Federal e Supremo Tribunal Federal.

Todas as requisições da Policia Federal e do Supremo Tribunal Federal foram integralmente atendidas pela ABIN. A Agência colaborou com as autoridades competentes desde o início das apurações.

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A ABIN vem cumprindo as decisões judiciais, incluindo as expedidas na manhã desta sexta-feira (20). Foram afastados cautelarmente os servidores investigados.

A Agência reitera que a ferramenta deixou de ser utilizada em maio de 2021. A atual gestão e os servidores da ABIN reafirmam o compromisso com a legalidade e o Estado Democrático de Direito.

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