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Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, é preso por suposta interferência no 2º turno das eleições

Operação da PF investiga bloqueios que teriam sido organizados para dificultar votação de eleitores no Nordeste

Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Fausto Macedo
Por Pepita Ortega e Fausto Macedo
Atualização:
O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, presta depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito ( CPMI) dos Atos Golpistas  Foto: Wilton Júnior/Estadão

A Polícia Federal prendeu preventivamente na manhã desta quarta-feira, 9, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques no bojo de uma operação que apura suposta interferência nas eleições 2022. O aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro foi capturado em Florianópolis e deve ser transferido para Brasília.

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Silvinei é o alvo principal da Operação Constituição Cidadã que ainda vasculha dez endereços em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte. As ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

“As condutas imputadas a Silvinei Vasques são gravíssimas e as provas apresentadas, bem como as novas diligências indicadas pela Polícia Federal como imprescindíveis para a completa apuração das condutas ilícitas investigadas, comprovam a necessidade da custódia preventiva para a conveniência da instrução criminal”, anotou o ministro no despacho.

A ofensiva tem o apoio da Corregedoria Geral da PRF, que determinou que 47 agentes da corporação prestem depoimento sobre o caso.

De acordo com a PF, a ‘Constituição Cidadã' investiga o suposto uso da máquina pública para interferir no segundo turno do pleito do ano passado, com o direcionamento de recursos, por parte de integrantes da PRF, para dificultar o trânsito de eleitores no dia 30 de outubro de 2022.

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“Os crimes apurados teriam sido planejados desde o início de outubro daquele ano, sendo que, no dia do segundo turno, foi realizado patrulhamento ostensivo e direcionado à região Nordeste do país”, diz a corporação.

Relatório divulgado pelo Ministério da Justiça em abril mostrou intensa atuação de agentes da PRF, entre os dias 28 e 30 de outubro, na região onde se concentra o maior reduto eleitoral do presidente Lula.

A Operação mira crimes de crimes de prevaricação e violência política, previstos no Código Penal. Ainda mira delitos descritos no Código Eleitoral: ‘impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio’ e ‘ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato’.

O nome da ofensiva, ‘Operação Constituição Cidadã', faz referência à Lei Maior do País, que ‘garantiu a todos os cidadãos o direito ao voto, maior representação da Democracia’, ressaltou a PF.

Silvinei Vasques assumiu a chefia da PRF em abril de 2021, quando foi empossado o ex-ministro da Justiça Anderson Torres - alvo de investigação por suposta omissão ante os atos golpistas de 8 de janeiro.

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O ex-diretor da PRF se aposentou em dezembro do ano passado, aos 47 anos e no apagar das luzes do governo Jair Bolsonaro, no meio de uma série de investigações sobre sua atuação em meio às eleições.

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Às vésperas do pleito, ele chegou a usar sua conta para pedir o voto no então presidente Jair Bolsonaro. Ele publicou nos stories uma foto da bandeira do Brasil e escreveu: “Vote 22, Bolsonaro presidente”.

Logo nas primeiras horas do segundo turno, em outubro do ano passado, Silvinei foi instado pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a explicar os relatos de operações no Nordeste, sob a alegação de combate ao transporte irregular de eleitores.

O ministro ainda proibiu operações da corporação ‘relacionadas ao transporte público, gratuito ou não, disponibilizado aos eleitores’, inclusive sob pena de responsabilização de Silvinei.

O então diretor da PRF foi até a sede do TSE após ser intimado por Alexandre. Lá, afirmou ter determinado a suspensão de todas as operações. Alegou ainda que as ações foram realizadas com base no código de trânsito.

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Silvinei é alvo de investigação não só pelas blitze da PRF em meio ao segundo turno das eleições, mas também pela conduta antes os bloqueios de rodovias que ocorreram após Luiz Inácio Lula da Silva sair vitorioso das urnas.

Ele ainda é acusado de improbidade administrativa e uso indevido do cargo para beneficiar a candidatura de Bolsonaro.

Em junho, ex-diretor da PRF prestou depoimento à CPMI do 8 de Janeiro sobre as operações da eleição e negou ter usado o cargo para beneficiar Bolsonaro. Ele afirmou que a ação da corporação foi mais intensa no Nordeste porque a estrutura da Polícia Rodoviária Federal é maior na região. Também disse ser vítima de uma “perseguição” e alvo da “maior injustiça da história”.

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