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Toffoli vê ‘tumulto’ em leniência da Odebrecht e ordena remessa para STF de arquivos de propinas

Ministro evoca princípio da ‘ampla defesa’ em reclamação da defesa de Lula e exige que todos os documentos de acordo fechado entre empreiteira e MPF sejam remetidos a seu gabinete

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Por Pepita Ortega e Fabio Grellet
Atualização:
O ministro Dias Toffolli Foto: Gabriela Biló/Estadão

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta quinta-feira, 18, a remessa, à Corte máxima, de uma série de informações sobre o acordo de leniência da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato. A medida se dá após o ministro ver ‘tumulto’ no bojo de uma ação por ele herdada na Segunda Turma da Corte - impetrada pela defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e na qual foram invalidadas as provas obtidas da leniência fechada pela empreiteira.

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Evocando o princípio da ‘ampla defesa’, Toffoli endereçou a determinação às ‘autoridades responsáveis pela custódia’ dos documentos, entre os quais a íntegra dos sistemas ‘Drousys’ e ‘My Web Day’, do famoso Setor de Operações Estruturadas, a máquina de propinas da Odebrecht. Ainda deverão ser entregues todas as planilhas extraídas de tais sistemas e anexadas a acordos de colaboração.

O Estadão apurou que uma cópia dos sistemas de ‘contabilidade paralela’ da empreiteira, com dados brutos, que estava em posse do MPF em Curitiba foi excluída, em maio de 2022. A medida se deu a pedido da própria Procuradoria e com aval do então juiz da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, Luiz Antônio Bonat. À época, o MPF sustentou que a via principal do sistema estava sob custódia da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, e que havia uma cópia do sistema, ‘tratada’, na Polícia Federal.

Toffolli também exigiu a entrega dos seguintes documentos:

  • Íntegra do acordo de leniência da Odebrecht homologado pela 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba. Base e origem da Lava Jato, a 13ª Vara foi chefiada pelo ex-juiz Sérgio Moro, hoje senador. Depois dele, vieram o juiz Luiz Antônio Bonat e agora o juiz Eduardo Appio;
  • Todos os anexos do acordo, assim como todos os expedientes conexos que estejam no Ministério Público Federal de Curitiba ou na Procuradoria-Geral da República, inclusive quando a documentos recebidos do exterior
  • Colaborações premiadas vinculadas ao acordo de leniência
  • Todo o conteúdo da ação penal da Operação Spoofing em trâmite na 10ª Vara Federal Criminal de Brasília, assim como todo material apreendido pela Polícia Federal na fase ostensiva da investigação

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Toffoli citou ‘inúmeros pedidos de acesso e compartilhamento de documentos’ no processo após reclamação da defesa de Lula. Os advogados do presidente conseguiram sustar investigações da Lava Jato no bojo de tal processo, o que levou diversos alvos da Operação a usarem os mesmos argumentos do petista - e a mesma ação - buscando trancar apurações.

A decisão do ministro ocorre dois dias depois de o Tribunal Superior Eleitoral cassar o mandato do deputado Deltan Dallagnol, ex-procurador da República que chefiou a Lava Jato no Paraná.

Toffoli herdou o processo em questão após migrar para a Segunda Turma em razão da aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski - ex-relator da ação. Foi no bojo desse processo que a defesa de Lula apresentou cópias das mensagens apreendidas na Operação Spoofing - investigação sobre hackeamento de comunicações dos artífices da Lava Jato, entre eles o ex-juiz Sérgio Moro e Deltan.

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