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Bolsonaro troca ‘comício’ por ato restrito na Festa do Peão de Barretos, point político há 50 anos

Presidente receberá homenagem de Câmara em evento fechado, após apoteose com apoiadores um ano atrás

Foto do author Ricardo Corrêa
Foto do author Zeca  Ferreira
Por Ricardo Corrêa e Zeca Ferreira
Atualização:

O ex-presidente Jair Bolsonaro retorna nesta sexta-feira, 25, à Festa do Peão, em Barretos (SP), onde, em 2022, foi ovacionado em uma arena lotada em evento que mais se assemelhou a um comício de sua tentativa de reeleição. Agora, fora do cargo e alvo de investigações e polêmicas em diversas esferas, contudo, o ex-chefe do Executivo receberá o título de cidadão honorário oferecido pela Câmara Municipal da cidade em cerimônia restrita a convidados. Sua presença tem se tornado frequente no evento, que recebe políticos de diversas colorações partidárias há mais de 50 anos.

O primeiro presidente a participar do evento, que chega neste ano à 68ª edição, foi o general Emílio Garrastazu Médici, em 1972, no auge da ditadura militar. Ao lado do governador de São Paulo na época, Laudo Natel, ele foi recepcionado pelos organizadores do evento, denominados “Os Independentes. De lá para cá, diversos políticos marcaram presença ano a ano no principal evento de rodeios do Brasil. De olho em eleições ou surfando em popularidades altas, passaram por lá, por exemplo, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1994, Geraldo Alckmin (PSB) e Aloizio Mercadante (PT), em 2010, Aécio Neves (PSDB), em 2013, Paulo Skaf (MDB), em 2014, e João Doria, em 2017.

General Médici participou da Festa do Peão de Barretos em 1972, no auge da ditadura Foto: Arquivo pessoal

Nenhum aproveitou mais, porém, do que Bolsonaro. Ele já tinha estado por lá em 2017 e em 2018. Como presidente, retornou em 2019, no último ano antes de o evento ser interrompido pela pandemia. No ano passado, voltou em clima de campanha. Ao lado de Tarcísio de Freitas (Republicanos), então candidato ao governo de São Paulo e de aliados como o empresário Luciano Hang, ele andou a cavalo na arena de rodeios, pegou o microfone para falar com o público, ouviu o estádio cantar músicas de apoio e chegou a ser acusado pelo PDT de fazer um comício irregular no espaço. o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acabou arquivando a ação.

Em 2022, Bolsonaro participou da Festa do Peão de Barretos em clima de comício. Ao lado do então candidato no Estado Tarcísio de Freitas e do empresário Luciano Hang, ele foi ovacionado e chegou a andar de cavalo na arena de rodeio. Foto: CELIO MESSIAS / ESTADÃO

Cerimônia mais modesta e reservada neste ano

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Em 2023, em meio a pressões das investigações que afetam ele e os filhos, como o caso das joias e a ação que mirou Jair Renan Bolsonaro nesta semana, o cenário é diferente. Embora com forte apoio na cidade, onde registrou 62,80% dos votos contra o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno, Bolsonaro receberá a homenagem em cerimônia fechada. A imprensa foi avisada que terá que ficar do lado de fora do celeiro onde acontecerá o evento.

Antes da homenagem da Câmara, o presidente participará da inauguração da estrada vicinal “Wilson Vilela Lemos”, que liga a Estância Turística de Barretos ao município de Jaborandi. Nesta agenda ele deve ser acompanhado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que foi quem fez o convite para o evento. No dia seguinte, pela manhã, ele participa de um café da manhã na Prefeitura da cidade, onde será recebido pela prefeita Paula Lemos (PSD).

O vereador Paulo Corrêa (PL), autor da proposta da homenagem, afirma que a decisão se deu pois, na sua visão, Bolsoanro “ajudou Barretos diretamente”. “Ele investiu numa via de acesso que está sendo reformada ao Hospital do Amor (Hospital do Câncer de Barretos), construção de unidades de saúde, regularização fundiária de casas, iluminação, que ainda vai acontecer, mas que o dinheiro já tá empenhado de acesso ao Parque do Pinhão, caminhão de Corpo de Bombeiros e também nós estamos na luta aí que iniciou no governo dele da recuperação do traçado ferroviário de Barretos”, afirmou, citando também posições nacionais do ex-presidente.

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