A Cognyte, empresa israelense que desenvolveu o software First Mile usado pela chamada “Abin paralela”, abriu processo seletivo para contratar um novo gerente em Brasília. De acordo com investigações da Polícia Federal, esse sistema de monitoramento foi utilizado ilegalmente por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Jair Bolsonaro (PL) para espionar desafetos. Procurada, a empresa não se manifestou.
Pela descrição da vaga, a Cognyte busca um profissional “de alto perfil”. “Você servirá como um consultor confiável para a nossa base de clientes e desenvolverá relacionamentos de longo prazo”, afirma a empresa. Não há detalhes sobre a remuneração. O processo seletivo é público.
Desenvolvido pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), o FirstMile se baseia em torres de telecomunicações instaladas em diferentes regiões para captar os dados de cada aparelho telefônico e, então, devolver o histórico de deslocamento do dono do celular. O sistema é capaz de detectar um indivíduo com base na localização de aparelhos que usam as redes 2G, 3G e 4G. Para encontrar o alvo, basta digitar o número do seu contato telefônico no programa e acompanhar em um mapa a última posição.
Na última quinta-feira, 11, a Polícia Federal cumpriu cinco mandados de prisão preventiva na Operação Última Milha, uma investigação sobre o monitoramento ilegal de autoridades públicas e a produção de notícias falsas pela Abin sob Bolsonaro. À época, o órgão era comandado por Alexandre Ramagem, hoje deputado federal pelo PL-RJ e pré-candidato à prefeitura do Rio.
