Dois casos recentes com ampla repercussão nacional direcionaram os holofotes da política de São Paulo para o secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL): a morte de um estudante de medicina por um policial e o assassinato de delator do PCC em plena luz do dia, no Aeroporto de Guarulhos. Hoje deputado federal licenciado, Derrite pode dar um salto para disputar uma vaga no Senado em 2026, a depender do desfecho dessas investigações.
Pessoas próximas ao secretário apostam que a chave para ele conquistar o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para ser o segundo nome indicado pela direita na disputa será o resultado da força-tarefa criada para investigar a morte do delator Antonio Vinicius Lopes Gritzbach. Se tiver sucesso, o enfrentamento ao crime organizado viraria o mote, dizem seus aliados.
Como o primeiro nome da direita para a disputa ao Senado é o do deputado Eduardo Bolsonaro, interlocutores do entorno do governador declararam à Coluna do Estadão que preveem uma “queda de braço” para ver qual padrinho político tem mais força entre os eleitores paulistas - Tarcísio ou Jair Bolsonaro. Isso porque não são eleitos, geralmente, dois senadores do mesmo campo ideológico. Procurados, Tarcísio e Derrite não comentaram.
A estratégia para eleger os dois candidatos da direita passará por focar as campanhas em diferentes regiões do Estado. O nome de Derrite seria fortalecido principalmente no interior, onde aliados de Tarcísio acreditam que o governador tem maior influência. Já Eduardo Bolsonaro concentraria sua campanha na capital paulista.
Embora alguns aliados vejam como “arriscado” tirar Derrite da Câmara dos Deputados para uma disputa ao Senado, eles disseram à Coluna que não consideram isso uma “saída definitiva” da política, caso não seja eleito. Confiante na reeleição de Tarcísio ao governo estadual, esse grupo avalia que, em caso de derrota, Derrite poderia “facilmente” assumir uma secretaria no governo estadual novamente.
Mas, até 2026, há muitas questões no caminho que podem mudar o posicionamento de peças na disputa política. No campo da direita, a principal delas é qual será o futuro de Jair Bolsonaro, se continuará inelegível, e se Tarcísio sairá mesmo à reeleição ou poderá ceder a pressões para disputar a Presidência da República.