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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Juscelino Filho emplaca presidente de entidade que tem R$ 3 bi para conectividade escolar

Como revelou a Coluna do Estadão, o ministro das Comunicações tentava garantir Flávio Ferreira dos Santos no comando da Eace desde setembro do ano passado; ministro Alexandre Padilha apadrinha analista para direção da entidade

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Por Julia Affonso

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, conseguiu trocar o comando da Entidade Administradora da Conectividade de Escolas (Eace) e emplacou um nome de sua confiança na presidência do órgão que tem um orçamento de R$ 3,1 bilhões. A partir desta segunda-feira, 15, o novo presidente da Eace será Flávio Ferreira dos Santos.

Como mostrou a Coluna do Estadão, Juscelino Filho passou a pressionar pela indicação de Flávio Ferreira dos Santos em setembro do ano passado. O ministro deixou explícita a ideia de alterar o comando da Eace durante uma reunião em 5 de setembro de 2023 com o conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Vicente Bandeira de Aquino Neto e representantes de operadoras de telefonia.

O ministro da secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (à esquerda), e o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, conseguiram emplacar aliados na Eace. Ambos tiveram uma reunião na quarta-feira, 10, no Planalto. Foto: Instagram/Juscelino Filho

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O Centrão passou a cobiçar a política de conectividade das escolas públicas após o setor passar a concentrar recursos bilionários. Em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estabeleceu a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (Enec), via decreto, para levar internet ou melhorar a velocidade de todas as unidades de ensino até 2026, quando terminará seu mandato.

O Ministério da Educação prevê um investimento de R$ 8,8 bilhões em conectividade para as escolas nos próximos três anos. Parte deste valor sairá dos recursos operacionalizados pela Eace. O órgão foi criado em março de 2022 para operacionalizar os R$ 3,1 bilhões de dinheiro privado que as operadoras de telefonia foram obrigadas a investir para arrematar faixas do leilão do 5G.

Flávio Ferreira dos Santos é analista em Tecnologia da Informação do Ministério da Gestão. Em junho de 2021, tornou-se diretor de Tecnologia e Inovação do BRB Serviços, um braço do Banco de Brasília especializado em terceirização de prestação de serviços de contact center, telesserviços, processos de negócios, tecnologia e gestão de sistemas logísticos.

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O salário da presidência da Eace é de cerca de R$ 70 mil mensais. No currículo, o executivo afirma ser “Tecnólogo em Processamento de Dados” pela Faculdade Alvorada, ter concluído dois cursos de MBA e “experiência de mais de 30 anos em Tecnologia da Informação e Gestão”.

“Fiz carreira na iniciativa privada por 18 anos, sendo os últimos 12 anos atuando como Gestor de TIC e Executivo na Administração Pública Federal e Estatais”, afirma em seu currículo.

Flávio Ferreira dos Santos disse ao Estadão que, após tomar posse, vai “analisar o trabalho executado pela gestão anterior e os avanços”.” A princípio o maior desafio é o já conhecido, levar conectividade para as escolas, que é o objetivo para o qual a Eace foi instituída”, afirmou.

Troca na presidência da Eace não será a única mudança na entidade

O ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, apadrinhou a ida do analista Jhon Ribeiro para uma diretoria do órgão. “Johnny”, como é conhecido, já trabalhou com Padilha na SRI e no gabinete do líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

Procurados, o Ministério das Comunicações e o ministro Alexandre Padilha não retornaram.

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Juscelino se mantém no cargo em meio a denúncias de mau uso do dinheiro público

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Juscelino Filho tem se mantido na chefia das Comunicações mesmo após as denúncias de mau uso do dinheiro público. Reportagens do Estadão revelaram que o ministro direcionou dinheiro do orçamento secreto para pavimentar a estrada que passa em frente a fazendas dele e da família em Vitorino Freire e usou avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para acompanhar um leilão de cavalos em São Paulo. Após as reportagens, o ministro devolveu recursos utilizados na viagem.

No comando do ministério, Juscelino Filho deixou o sogro, que não é servidor público, liderando seu gabinete enquanto estava fora de Brasília. Há um processo no Comitê de Ética Pública que analisa a atuação do sogro nas dependências do governo. Como também revelou o Estadão, Juscelino Filho concedeu 31 retransmissoras de televisão para um mesmo empresário, que agora trabalha pela expansão de seus canais para todas as regiões do País. O ministro também usou o fotógrafo oficial da pasta, pago com dinheiro público, para promover a si mesmo, a irmã e um primo.

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