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MST invade sede do Incra em Alagoas para pressionar contra nomeação de indicado de Arthur Lira

Membros do grupo e de outros seis movimentos sociais se manifestam contra superintendente nomeado no último dia 24 após exoneração do substituto do primo de Arthur Lira

Foto do author Julia Camim
Por Julia Camim

Nesta segunda-feira, 29, militantes de sete movimentos sociais, incluindo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), invadiram a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas para pressionar contra a nomeação de Junior Rodrigues do Nascimento como superintendente do órgão. Nascimento foi indicado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), após a exoneração do primo dele do cargo.

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De acordo com o MST, a nomeação de Junior Rodrigues no último dia 24 “representa a continuidade da gestão com traços do bolsonarismo, herdado pela condução de César Lira desde o governo (do ex-presidente Michel) Temer”. Como mostrou o Estadão, César Lira foi exonerado no último dia 16 por causa de cobranças do movimento que consideram o primo do deputado um “inimigo da reforma agrária”.

Menos de dez dias após a substituição de César por José Ubiratan Rezende Santana, engenheiro agrônomo indicado pelo MST, o governo exonerou novamente o superintendente do cargo. As trocas na gestão se dão em um contexto de crise entre o presidente da Câmara e o Palácio do Planalto, principalmente por causa dos embates entre Lira e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

A saída encontrada pelo governo, no entanto, desagradou os movimentos. Em nota, o MST afirma que os manifestantes “não vão aceitar a nova indicação para o cargo” até que o nomeado “esteja alinhado aos desafios e expectativas da pauta agrária no estado”.

Movimentos invadem sede do INCRA em Alagoas. Foto: Delanisson Araújo/MST

A atuação do novo superintendente na Naturago, ONG que representa beneficiários do programa nacional de reforma agrária e estabeleceu um acordo de cooperação técnica com o Incra é vista pelos movimentos como uma prestação de serviços “que foi marcada por uma série de problemas na sua condução”.

Por isso, a nomeação do indicado por Lira para o cargo, de acordo com o MST, “acende mais uma luz amarela na condução da política agrária em Alagoas que tem sua cadeira rifada aos interesses individuais em virtude das necessidades coletivas das comunidades e organizações camponesas no estado”.

Além de membros do MST, a invasão também conta com integrantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento Social de Luta (MSL), Movimento Popular de Luta (MPL), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), Movimento Terra Livre e da Frente Nacional de Luta (FNL). A ação se dá durante o “Abril Vermelho”, que promove uma série de invasões de terras que tem como objetivo relembrar o assassinato de 21 trabalhadores sem-terra pela Polícia Militar do Pará em 1996.

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