O ex-deputado federal Eduardo Cunha (Republicanos) criticou a peça divulgada por seu aliado, o candidato à prefeitura do Rio de Janeiro Alexandre Ramagem (PL), que ligava o atual prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PSD), ao assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018. O material foi derrubado pelo Tribunal Eleitoral Regional do Rio de Janeiro (TRE-RJ) na terça-feira, 17.
Cunha questionou Ramagem sobre a necessidade da campanha, uma vez que ela ataca justamente pessoas envolvidas com o Republicanos, partido cujo diretório carioca o ex-presidente da Câmara chefia. O Republicanos foi o responsável pela indicação do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) para uma secretaria na gestão municipal de Paes, fato que vem sendo explorado pelo candidato bolsonarista na disputa com o atual prefeito.
Ramagem justificou o comercial alegando que era importante rebater os ataques de Paes mostrando as supostas alianças políticas do prefeito. Sobre as críticas de seu aliado, o candidato do PL afirmou que ele e o Republicanos estariam juntos “até o final”.
A legenda de Cunha abriga também Kaio Brazão — sobrinho de Chiquinho e filho do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão —, cuja candidatura à Câmara Municipal do Rio foi indeferida. Os irmãos Brazão foram apontados por Ronnie Lessa como mandantes do ataque contra a vereadora do PSOL, que vitimou, além dela, seu motorista, Anderson Gomes.
A campanha de Ramagem entende que o objetivo buscado com a propaganda foi alcançado: associar o atual prefeito aos Brazão. “A gente consegue constatar que há uma tentativa de mascarar um histórico passado. Ele fica se insurgindo contra todas as vinculações que sempre teve com [Sérgio] Cabral, com a família Brazão em sua prefeitura, com a família da Lucinha. Acho que ele estaria inclusive negando a presença do Lula, se o Lula não fosse presidente”, afirmou o ex-delegado durante caminhada.
A deputada Lucinha é investigada pela Polícia Federal (PF) por suposto envolvimento com a milícia. Ela é do mesmo partido de Paes e estava na Alerj até o fim de 2023, mas foi afastada do cargo durante as investigações.
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A tentativa de ligar nomes de candidatos a pessoas que os desabonem é a tônica da campanha no Rio de Janeiro. Enquanto o candidato do PL tenta ligar Paes a deputada investigada por envolvimento com milícia, ex-governador condenado e família acusada de mandar matar vereadora, o prefeito aposta na vinculação do nome de seu adversário com o governador Cláudio Castro (PL), que tem uma rejeição alta perante o eleitorado carioca.
Segundo pesquisa Datafolha divulgada em julho, 46% de dos cariocas classificam o governo de Castro como ruim ou péssimo, ante apenas 14% que consideram sua gestão positiva.
Na disputa pela prefeitura carioca, os levantamentos recentes dão larga vantagem a Paes. No da Quaest, divulgado nesta quarta-feira, o prefeito aparece com 57% das intenções de voto, contra 18% do deputado bolsonarista.
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