O senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi vaiado e xingado de "golpista", "ladrão" e "f...d...p...!" durante sua chegada e saída para votar em Belo Horizonte, no Colégio Milton Campos, no bairro de Lourdes. Aécio chegou ao local de votação pouco depois das 16h. Ao sair, o tucano candidato a deputado federal foi novamente hostilizado. Copos usados de café e até uma garrafa foram arremessados contra ele na rampa de descida da escola. Já na rua, apressado, Aécio disse que as manifestações eram "a democracia, é o que o país está vivendo".
O tucano disse que se sentia "muito feliz com a acolhida que eu tive em todo o Estado". E acrescentou: "Lamento apenas que nas últimas presidências nós tivemos (sic) uma eleição corrompida, segundo o coordenador da campanha da Dilma Rousseff, doutor Palocci, com R$ 800 milhões de dinheiro da propina". O senador acrescentou que "isso, sim, é um crime que precisa ser investigado e punido". Ao ser questionado sobre quem ele apoiaria no segundo turno para presidente, Aécio respondeu somente "vamos aguardar", ao entrar no carro em meio ao tumulto.
O senador chegou à seção 111, que tem 493 eleitoras inscritos, quando as filas para votação já estavam diminuindo. Na fila, teve de aguardar o atendimento a um idoso com dificuldades de locomoção que esperava a vez para votar. Parado junto à parede, ouviu os xingamentos já citados. Confira no vídeo abaixo:
Pela manhã, por volta de 8h20, a irmã dele, Andrea Neves, votou na seção 118 da mesma escola. Com poucos eleitores na fila, ela aguardou a vez por cerca de cinco minutos. Depois, deixou o local sem falar com a imprensa.
Andrea foi presa no ano passado pela Operação Patmos, um braço da Lava Jato, depois do escândalo da divulgação das gravações de conversas dela com o empresário Joesley Batista envolvendo a quantia de R$ 2 milhões. Responsável por toda a comunicação do governo do irmão em Minas, ela foi investigada na Lava Jato no caso de um repasse para Aécio em uma negociação que envolveria a venda de um apartamento da família no Rio. Liberada da cadeia, pelo STF, Andrea teve de ficar em prisão domiciliar e usar tornozeleira eletrônica. Em dezembro do ano passado, o ministro Marco Aurélio Mello suspendeu a prisão e a tornozeleira.
Também pela manhã, o prefeito de BH, Alexandre Kalil, votou por volta de 9h20 na mesma seção de Andrea Neves. Kalil entrou e saiu do local em clima de tranquilidade. Na saída, ouviu de uma eleitora que estava na fila um pedido para "voltar para o Galo". Kalil já foi presidente do Atlético Mineiro. De longe, ele acenou e sorriu.
Ex-ministro do STF elogia urnas eletrônicas
Perto das 11h, o ex-ministro do STF, Carlos Veloso, chegou acompanhado pelo desembargador Rogério Medeiros, vice-presidente do TRE mineiro. Depois de votar, Veloso afirmou que "desses 20 anos, o que de sério se fez neste país foi o Plano Real e as urnas eletrônicas". Ele lembrou que, a convite de governos como EUA e França, foi submetendo as urnas a exames de técnicos de grandes universidades americanas que legitimaram o sistema de votação brasileiro.
Sobre a desconfiança das urnas, Veloso disse que as pessoas não viveram o tempo das fraudes, do 'mapismo', que elegia e deselegia candidatos. Segundo Veloso, "as eleições de agora se polarizaram e essa polarização levou a isso", ou seja, à desconfiança no sistema. "Muita gente não conhece como ela foi criada. A criação da urna teve a participação de toda a sociedade pensante brasileira", declarou, acrescentando que "até as Forças Armadas foram convocadas e enviaram técnicos".
Por fim, questionado se a democracia estava sob clima de ameaça, disse: "Acho que não". "Toda democracia corre risco, claro, mas as democracias estão consolidadas. As pessoas já perceberam, no nundo inteiro, que o melhor sistema de governo é mesmo o democrático", declarou. O ex-ministro afirmou que "essa eleição vai ser uma afirmação da democracia". "Veja a grandeza da urna: hoje, às nove horas da noite, vamos conhecer o resultado da eleição".