Greta Thumberg está desanimada. Papa Francisco confirmou presença, ainda que esteja se recuperando de uma gripe. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, furou. Certamente, alguém agora já está dizendo que a COP 28 flopou, fracassou.
Tem sido assim há muitas COP's. O fracasso dói na pele de cada um de nós, quando somos afetados por eventos extremos climáticos.
70 mil pessoas de 198 países vão participar da COP 28, a Conferência das Partes. O local do evento simboliza os paradoxos que envolvem metas ambientais, sociais e de governança nas tomadas de decisões. Um olhar de fora para dentro, levando em conta riscos e oportunidades, diante da crise climática.
A Conferência do Clima será em Dubai, nos Emirados Árabes, um dos 10 maiores produtores de combustíveis fósseis. Afinal, o petróleo é um dos principais vilões do estresse climático.
Onde está a questão, poderia vir a solução. A meta da COP 28 será acelerar as reduções de emissões de gases de efeito estufa, reformular ações para uso sustentável da terra e combater a degradação ambiental. Tudo para frear o aquecimento global. Há muita ambição, um tanto de ilusão e o esforço dos que não perdem a esperança.
Com o mundo ocupado com guerras, crises econômicas, polarização política, o Brasil terá que errar muito para não brilhar na COP.
O desmatamento na Amazônia caiu mais de 40%, comparando com o primeiro semestre do no passado.É fato que é preciso avançar muito mais. Segundo o Observatório do Clima, o desmatamento na região amazônica tem que cair pela metade, para que o Brasil consiga cumprir as metas de redução de gases de efeito estufa.
Desmatamento e agro sem compromisso com a sustentabilidade são as principais vulnerabilidades do país em relação à crise climática.
São Pedro, este ano, ajudou, choveu muito e as hidrelétricas ficaram abastecidas. Assim, não foi preciso acionar usinas térmicas, que são mais poluentes.
O Brasil leva para a COP a potência do Nordeste, que deixou a condição de patinho feio. No século XX, era a região menos industrializada e mais dependente de programas sociais de governo.
O Nordeste é agora o Cisne Verde, o protagonista da matriz energética limpa mundial.
Cisne verde foi o símbolo metafórico com que o economista John Elkington definiu soluções sistêmicas para desafios globais com impactos positivos exponenciais.
82% do total da energia solar e eólica são produzidos no Nordeste. E entre novos projetos de energia renovável, ainda em construção, 75% estão no Nordeste.
Para a viagem a Dubai, o governo brasileiro embalou um pacote de medidas interessantes para combater a crise climática, como a aprovação no Senado do projeto que regula o mercado de carbono, a volta da cobrança de multas ambientais, a emissão no mercado externo de títulos verdes, cujos valores serão direcionados para projetos ambientais. É o fim do negacionismo climático.
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Há questões sérias sem avanços. A falta de fiscalização da origem do gado que pasta em áreas desmatadas, incêndios florestais, produção agrícola concentrada em poucas culturas.
Uma dos problemas mais impactantes é a falta de saneamento que se agrava com a crise climática. Lixões, esgoto a céu aberto, água sem tratamento. As regiões Norte e Nordeste têm os piores índices de saneamento básico. Um levantamento do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento mostra que menos de 56% da população do país contam com coleta de esgoto. 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada. Esse pato muito feio e muitos outros continuarão bicando por aqui.