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Lula: na hora de votar a CPMF não tem negociação

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Por Leonencio Nossa
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje, em entrevista na República do Congo, que não aceita barganhar com opositores e aliados a aprovação da emenda constitucional que prorroga a CPMF até 2011. Ele cobrou lealdade da base de sustentação do governo no Congresso. "Na hora de votação não tem negociação", disse. "Não posso (aceitar) que a cada negociação alguém me entregue uma reivindicação e diz: eu não voto isso", reclamou. "Assim não faço política." Na viagem à África, Lula vem mantendo contatos diários por telefone com o ministro de Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, e líderes do governo, por causa da CPMF e da sucessão no Senado. Ele cobrou empenho dos aliados. "Ou temos uma base aliada construída em relação a sete pontos que assumimos, compromissos, ou não temos base aliada", avaliou. "Espero a compreensão de todos." A uma pergunta sobre reclamações do senador e aliado José Sarney (PMDB-AP) por mais espaço no governo, um dos supostos pedidos de barganha, Lula usou a própria família como metáfora. "Quem tem cinco filhos aprende a conviver com as reclamações", disse. "Acho normal que as pessoas reclamem, o que posso dizer é que não tenho demanda de nenhum senador na minha mesa." Lula lembrou que, no passado, a maioria dos senadores votou pela CPMF. "Todos os senadores que estão lá, com raríssimas exceções, já votaram a CPMF", disse. "Acho importante que todo mundo releia o discurso que fez há quatro anos ou oito anos e mantenha a posição que justificava a aprovação da proposta." O presidente disse que o Senado é soberano para tomar suas decisões, mas deve dizer, se não aprovar a CPMF, de onde o governo vai tirar dinheiro para projetos do PAC. "Você não pode tirar do custeio", afirmou. "Espero que na hora que algum senador votar contra ele diga de onde vamos arrumar R$ 40 milhões para fazer o que precisamos fazer", afirmou. "É só isso que eu quero, só isso", completou. "Seriedade, nada mais do que isso, pois hoje quem precisa da CPMF não é o governo, é o país." Ele ainda criticou o discurso supostamente contraditório da oposição. "O discurso de quem quer mudar a CPMF e de quem sonha acabar com ela é tentar reparti-la", disse. "Se reparti-la entre estados e municípios nunca mais acaba a CPMF", avaliou. "Esse é um dado político."

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