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Mourão faz último discurso da era Bolsonaro com ataque a ‘representantes dos três Poderes’

Presidente em exercício reconhece Lula como sucessor no 1º de janeiro do próximo ano e pede para que apoiadores do mandatário lutem ‘pela preservação da democracia’ e que voltem à normalidade

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Foto do author Levy Teles
Por Levy Teles
Atualização:

Senador eleito e presidente em exercício, Hamilton Mourão (Republicanos) fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão na noite desta sexta-feira, 31. A mensagem, que costuma ter um tom institucional, teve seu conteúdo destinado a “representantes dos três Poderes” e aos apoiadores do chefe do Executivo, Jair Bolsonaro. Mourão pediu que bolsonaristas lutem “pela preservação da democracia” e que voltem “à normalidade”.

“A alternância de poder é saudável e deve ser preservada”, afirmou Mourão, que disse que a oposição será ao novo governo e não ao Brasil. “Aos que farão oposição ao governo que entra, cumprirá a missão de opor-se a desmandos, desvio de conduta e a toda e qualquer tentativa de de abandono do perfil democrático e plural, duramente conquistado por todos os cidadãos. Destaco que a partir do dia 1º de janeiro de 2023, mudaremos de governo, mas não de regime. Tranquilizemo-nos, retornemos à normalidade da vida, aos nossos afazeres e ao concerto de nossos lares, com fé e com a certeza de que nossos representantes eleitos farão dura oposição ao projeto progressista do governo de turno, sem contudo, promover oposição ao Brasil”, afirmou.

Bolsonaro viajou para Orlando e não vai passar a faixa para Lula. Foto: SGT Bianca/Força Aérea Brasileira

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Sem mencionar nomes, Mourão destacou o “silêncio” de “lideranças”, que afetou a imagem das Forças Armadas. “Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a Nação em torno de um projeto de País, deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e de desagregação social e de forma irresponsável deixaram que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta, para alguns por inação, e para outros por fomentar um pretenso golpe”, afirmou.

Desde o anúncio do resultado da votação presidencial, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva com 59.563.912 votos no dia 30 de outubro, apoiadores do presidente organizaram manifestações com teor antidemocrático pedindo intervenção militar por não reconhecerem o resultado. Bolsonaristas fecharam rodovias e aglomeraram na portas de quartéis.

No discurso de pouco mais de 5 minutos de duração, Mourão também atacou os representantes dos três Poderes, a quem culpabilizou de “vilipendiar e sabotar” o projeto de consolidação de uma economia liberal na atual gestão, e que afirmou estarem “pouco identificados com a promoção do bem comum”.

“A falta de confiança de parcela significativa da sociedade nas principais instituições públicas decorre da abstenção intencional desses entes do fiel cumprimento dos imperativos constitucionais, gerando a equivocada canalização canalizações e expectativas para que outros autores públicos que, no regime vigente, carecem de lastro legal para o saneamento do desequilíbrio institucional em curso”, disse Mourão.

O presidente em exercício destacou a condução da pandemia, os resultados econômicos com o projeto de economia liberal durante o governo e afirmou que a política ambiental como insucedida. “Nem todas as empreitadas obtiveram sucesso. Na área ambiental, tivemos percalços”, disse.

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O vice-presidente da chapa de Bolsonaro assumiu a chefia do Executivo após a ida do mandatário aos Estados Unidos, onde passará o Ano-Novo. Será a primeira vez que Bolsonaro não fará um pronunciamento em cadeia nacional, diferente ao que foi 2019, 2020 e 2021.

“Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a Nação em torno de um projeto de País, deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e de desagregação social e de forma irresponsável deixaram que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta, para alguns por inação, e para outros por fomentar um pretenso golpe”, disse Mourão.

É o último ato tanto de Bolsonaro como de Mourão na Presidência — o primeiro ficará sem funções políticas enquanto o último assumirá o Senado após ser eleito pelo Rio Grande do Sul. A reta final ficou marcada pela ausência do presidente, que deixou de fazer as lives semanais e falou ao público em poucas oportunidades.

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