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O que a PF apreendeu com deputado Alexandre Ramagem, suspeito de espionagem na Abin; veja os itens

Fora da agência há quase dois anos, ex-chefe do órgão mantinha um computador e um celular em sua posse, mas diz que ‘perícia vai mostrar’ que aparelhos não eram mais utilizados; Abin afirma que Ramagem não tinha acesso a nenhum sistema desde 31 de março de 2022

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Por Karina Ferreira
Atualização:

Principal alvo da operação da Polícia Federal (PF) que investiga espionagens ilegais na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) ainda estava em posse de um celular e de um notebook da agência, mesmo após quase dois anos de seu desligamento do cargo de diretor.

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Os policiais apreenderam computadores, celulares, documentos e pendrives na casa e no gabinete do deputado, – em Brasília e no Rio de Janeiro.

Questionado sobre os itens, o deputado disse em entrevista à GloboNews que os documentos encontrados em sua posse eram do período de sua gestão. Quanto ao computador e ao celular, o ex-diretor falou que a prova pericial vai mostrar que os dispositivos não eram ligados há mais de três anos.

“Se houve computador que era da Abin e telefone que era da Abin, foram trocados por novos que foram devolvidos e sem utilização há mais de três anos. A prova pericial vai mostrar. Poderia devolver, mas estava ali, pensei que fosse da Polícia Federal, antigo”, afirmou.

A Abin disse ao Estadão que não tinha conhecimento que os itens estavam faltando de seu acervo, e que era responsabilidade do ex-diretor ter devolvido os equipamentos mediante sua saída da direção. A agência afirma que Ramagem não tinha acesso “a nenhum sistema” desde 31 de março de 2022, data de sua saída.

Questionada sobre os itens apreendidos, a PF disse que não se manifesta sobre eventuais alvos e investigações em andamento.

Itens estavam em posse do ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, mesmo após quase dois anos dele ter se desligado da agência para concorrer ao mandato de deputado federal que ocupa agora, pelo PL do Rio. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Principal alvo da Operação Vigilância Aproximada, deflagrada nesta quinta-feira, 25, Ramagem foi diretor da Abin entre julho de 2019 e abril de 2022, durante o período em que dois servidores, presos em outubro de 2023, teriam utilizado a estrutura estatal para localizar os alvos da espionagem. Ramagem só saiu do cargo para concorrer às eleições, e foi confirmado como pré-candidato do PL no Rio por Bolsonaro em novembro.

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Na operação desta quinta, sete policiais federais que auxiliavam Ramagem na Abin foram afastados por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso.

Ramagem disse na entrevista que, nem ele, nem os policiais federias que estavam com ele, tiveram “a utilização, execução, gestão ou senha desses sistemas”, se referindo ao software First Mile, capaz de informar a geolocalização de celulares. A Abin diz em nota que é “a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos” e que colabora com as investigações há 10 meses.

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