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‘Primeiro 2° turno’ será de Lula, aponta Ipec; leia análise

A dúvida que persiste é se ex-presidente, agora com 48% das intenções de voto, terá forças para liquidar a fatura já no próximo domingo

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Por Mario Vitor Rodrigues

“Quem deve são eles a mim. Porque em algum momento o Estado vai ter que devolver e me pagar os prejuízos que eles causaram na minha vida”. A fala é de Lula e foi proferida ontem mesmo, dia 25, durante ato de campanha em uma lotada quadra da Portela, na zona norte do Rio de Janeiro. É esperado que políticos novatos ofereçam flancos a serem explorados por rivais e razão para eleitores indecisos se afastarem de vez. Quando se trata de um macaco velho feito Lula, porém, inexperiência não é desculpa. O termo correto é salto alto.

O ponto, contudo, é que Lula tem motivos de sobra para esnobar eventuais deslizes que poderiam ser evitados. De acordo com a pesquisa Ipec divulgada nesta segunda-feira, o ex-presidente continua sendo o grande favorito na corrida presidencial, com 48% das intenções de voto, contra os mesmo 31% de Jair Bolsonaro, o único que ainda mantém chances remotas de impedir sua volta ao poder. Há uma semana, o instituto indicava Lula com 47% contra 31% de Bolsonaro. A diferença, que antes era de 16 pontos porcentuais, hoje é de 17. Nos válidos, Lula tem 52%, mesmo índice anterior.

Considerando que há semanas as consultas não apresentam diferenças relevantes; que o clima de polarização extrema cristalizou a disputa entre Lula e Bolsonaro, que este último conta com rejeição de mais de 50% e cerca de 80% do eleitorado se declara decidido em quem vai votar, é possível afirmar que o petista caminha para vencer o “primeiro 2° turno”.

Apoiadores participam de ato de campanha de Lula na quadra da Portela, no Rio de Janeiro  Foto: Antonio Lacerda/EFE

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Reside nessa antecipação, de clima de decisão antecipada, o maior motivo de desesperança para Bolsonaro e seus apoiadores. Não se trata, afinal, de uma eleição comum, em que, definidas as duas chapas mais bem avaliadas, novas alianças e movimentações permitam esperar por alterações na relação de forças entre os concorrentes.

Bem ao contrário, não faz sentido imaginar que quem votar em Lula no domingo deixará de repetir o voto no fim de outubro. Quanto aos eleitores de Ciro e Simone, que apareceram com 6% e 5% respectivamente, os principais institutos apontam que devem apoiar a volta do PT a apostar na continuidade de Bolsonaro.

Afora quem chega melhor na última semana da eleição, portanto, a dúvida que persiste é se Lula terá forças para liquidar a fatura já no próximo domingo. Há uma leitura equivocada por parte do eleitorado à esquerda de que Ciro Gomes personifica o grande obstáculo para que isso aconteça.

Lula e sua campanha já entenderam, porém, que os ataques enfurecidos do pedetista são irrelevantes. O desafio está em mudar o alto índice de abstenção entre os mais pobres, historicamente elevado e entre os quais se encontra a maior parte dos seus eleitores.

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Não por acaso, diante do apresentador Ratinho, durante entrevista concedida na última quinta-feira, o ex-presidente foi claro: “Por favor, vá para a urna, vote”.

*MARIO VITOR RODRIGUES É JORNALISTA

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