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Traduzindo a política

Opinião|Batalha por indecisos leva mulheres, evangélicos e classe média ao centro do penúltimo debate em SP

Candidatos expuseram suas estratégias na reta final da campanha, que contará com apenas mais um encontro antes da ida às urnas

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Foto do author Ricardo Corrêa
Atualização:

A batalha pelos eleitores indecisos na reta final da campanha eleitoral colocou as mulheres, a classe média e os evangélicos no centro do debate promovido pelo UOL e pela Folha de S.Paulo entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo. A discussão, que passou longe das propostas, acabou revelando de forma mais clara as estratégias que serão utilizadas por cada um dos quatro candidatos convidados nesta última semana de campanha: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB).

Dessa vez, Ricardo Nunes não foi alvo sozinho. Sobrou para praticamente todo mundo, em meio a um formato diferente que permitia a intervenção de todos a qualquer momento por meio de um banco de tempo e com apenas quatro concorrentes. E o prefeito, nas suas intervenções, dividiu o alvo de sua artilharia entre Boulos e Marçal. No caso do psolista, um dos focos foi uma declaração do deputado com críticas à classe média, com o objetivo de tentar enfraquecer Boulos em um eleitorado que, geralmente, decide eleições que estão muito disputadas, como o é o caso de São Paulo, que vive um empate triplo.

Debate com concorrentes na disputa pela prefeitura de São Paulo Foto: Reprodução/UOL

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Mas Nunes também abriu uma batalha que foi lutada durante todo o debate: a busca pelo voto evangélico. O prefeito chegou a recitar versículos bíblicos, Marçal acusou-o de apenas decorar o que o marqueteiro repassava sobre o assunto, enquanto Tabata Amaral, ao tentar criticar os dois, aproveitou para exaltar sua vida na igreja e, em outro momento, afirmou que os colegas seriam julgados pela lei divina.

O voto feminino também estava em disputa no programa desta segunda-feira. Sobretudo após Pablo Marçal dizer que mulheres, por serem inteligentes, não votariam em mulheres. O escorregão foi primeiro explorado por Guilherme Boulos e depois por Tabata Amaral. Recortada, a frase do ex-coach tende a ser danosa para um candidato que, para diminuir a rejeição, busca melhorar a relação com o eleitorado feminino de olho na vaga no segundo turno. Marçal vai melhor entre os homens e vinha tentando suavizar a imagem para tentar conquistar as mulheres.

Nessa estratégia, houve um jogo duplo na relação com Tabata Amaral ao longo do debate. De um lado, colocando a candidata como alguém que não tem chances ou que ainda não está pronta para a Prefeitura, mas de outro fazendo elogios de olho em uma migração do eleitorado dela. Isso começou em debates anteriores, com o pedido de desculpas sobre a abjeta acusação de que Tabata teria contribuído com o suicídio do pai.

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Continuou neste programa ao dizer que colocaria Tabata na Secretaria de Educação se ela evitasse posições tão à esquerda e ao afirmar que ela tem um plano de governo brilhante, mas que “não vai ganhar”. Foi pelo mesmo motivo que martelou até o fim sobre o boletim de ocorrência contra Nunes por violência familiar. O prefeito sofreu ao evitar responder sobre o assunto.

Guilherme Boulos enfrentou mais críticas dos adversários do que em ocasiões anteriores, mas contou com uma relação áspera entre Marçal e Nunes sobretudo na reta final do programa para ganhar um pouco de fôlego. Dessa vez, porém, recebeu críticas de Tabata Amaral, que traçou claramente uma estratégia diferente na reta final, de fustigar também Boulos em busca de uma reação nas pesquisas. Boulos, porém, evita reagir, já que espera contar com ela e seus eleitores em um segundo turno.

Resta apenas um debate, na quinta-feira, 3, na TV Globo, e poucas alternativas para que os candidatos possam mudar um quadro profundamente equilibrado entre três candidatos. Como será na TV, é possível que tenha um clima mais ameno. Espera-se, porém, com as propostas que sumiram no encontro desta segunda. Mas em uma eleição tão pesada como a que vimos até aqui em São Paulo, não haverá surpresa se um barraco final fechar a disputa.

Opinião por Ricardo Corrêa

Coordenador de política em São Paulo no Estadão e comentarista na rádio Eldorado. Escreve às quintas

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